sábado, 7 de novembro de 2015

Nas deixas de uma arte



Para Pier Paolo Pasolini

Quanto dura uma existência?
E quantos são meus os sonhos
Que enxerguei nas deixas de uma arte?
Nas asas vermelhas do anjo apodrecido,
No fastio da sua imensa criatividade,
No afã do nosso desejo proibido,
Na névoa desumana da nossa raça?
Tudo bem esculpido à eternidade...
Morredouro mesmo só o corpo
Violado e apartado do que se é
Insistindo-se sobre a história das perversidades.
O que há de sonho em mim, heim?
Eu, desumanamente infeliz e saudade
Frente ao homem que nunca morreu,
Porque nunca esteve aqui.