quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Billie Holiday(II)

Billie

Mais uma vez, licença, para lembrar o que significou a invenção do canto se fazendo doer durante décadas nos Estados Unidos da América.
Mais uma vez: parcas palavras para registrar a presença inefável da melancolia produzindo a grande arte.
Mais uma vez, depois desta leitura, o cansaço de vocês saudando a voz feminina do século XX.
O traço do que realmente é belo, do que singra a imaginação alheia, desmantela a razão, acelera a emoção de outrem e na vaga das canções, aprisiona nossos ouvidos.
O rosto negro feminino mais bonito no inteiro da mulher gênio, a mais bonita e a maior cantora de todos os tempos.
Sangue escorrido na languidez da voz. Corpo erguido de prostíbulos. Marca eterna.
Cara safada. Jeito safado. Destino safado. Amor safado. Ocaso safado. Alma safada.
Torrentes da musicalidade jazzística numa territorialidade universal: STRANGE FRUIT.

A musical romance... Without your love...Fine and mellow…Solitude.

Tudo do não-efêmero para ser a voz que traz o silêncio.
Acabar-se no desespero e entregar-se à destruição, fagulhas da sua arte.
Aquela de 1915:o início. A dos anos 30 e 40: ápice. A de 1959: the end.

E agora, por ela, maior que técnicas e memória, o seu próprio ECO.


Assim,

“Cresci sob um teto sossegado,
meu sonho era um pequenino sonho meu.
Na ciência dos cuidados fui treinado.

Agora, entre meu ser e o ser alheio
a linha de fronteira se rompeu”.
Waly Salomão

Ou,

“Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada”.

Vinicius Moraes.

A voz de, 7 de abril, 91 anos inscrita na humanidade.

Marlon Marcos.


Holiday


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