quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Sobre o sentido que não tem porquê


É manhã e nada desenha desespero. Nada desaquece e invalida sonhos. Nada entorpece a alma de vãs fantasias e nem hipervaloriza realidades. É manhã num dezembro vermelho, azul e branco; quente frente ao mar da Bahia, um pouco de cerveja como refresco, abraço apertado das amigas; dezembro começado na fé que se carrega no peito; aquele que bate na consciência as possibilidades reais que a esperança atraiu; dezembro como achego e inteireza da inevitável transformação que redefine o estar de uma vida.
É manhã e o sol de lá de fora invade o que chove por dentro. Uma doce lembrança que não se explica. Move num misto de alegria e sede, festa e ausência, dança e contemplação; lembrança do que foi é e será sempre, aqui, a manifesta poesia.
Manhã que é fruto de um despertar cheio de vida. A vontade desenhando palavras nos muros: " abrirmos a cabeça para que afinal floresça o mais que humano em nós", "eu acredito num claro futuro";"botei todos os fracassos nas paradas do sucesso". Ao que se vê adiante bem ao centro da Baía de Todos os Santos - um alinhamento de cores nas palavras do poeta amado - sendo o peixe da espera e já sendo sacrificado a favor do que é certo. O sorriso na canção ratifica o acontecimento que é musgo etéreo e fica pairando sobre os cantos da cidade. Um pouco de sujeira e limpeza que marca as histórias de amor. A brisa morena no lugar da despedida e flores do campo.
É manha nas ruas azeitadas e em muitos olhares sem expectativas. Nossa energia solar empurrando para dentro das águas. Aquele gosto na boca memorando o desejo. A vida movimentando-se ao sabor do movimento. Escritos alusivos às decisões do destino. Quando a noite chegar será de vinho poema escrita sonho acordado à música ímpar que espelha o jeito brasileiro de amar.
É manhã e lá: emissões do maior sentido que nunca teve porquê. Mas é imorredouro.

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