segunda-feira, 2 de maio de 2011

Billie Holiday



Inteira. Me chega em dias de turbulência, nessa fatídica hora de perder energia criativa por nada. Ela em vibratos, em nome da guerra que acorda dentro de mim e eu saio me debatendo em muros, nos escorados em restos-alimento da mediocridade. Ela que enfeitiça de grandeza e dor: sua musicalidade. Me arde reflexões. O dessentido de existir sem. E o que falta é fundamentalmente imaterial. O rasgo daquela voz é o modelo maior para qualquer canção. Mas a força daquilo é o impreciso toque da emoção que cria noites e dias na audição de qualquer vivente. Ela acende a sensibilidade dos brutos e arranha profundamente a fragilidade dos sensíveis. A fragilidade sem fraqueza dos que comungam com ela: a beleza de ser... E, às vezes, superior aos outros.


Largamente. A voz que faz doer mas inibe o medo. Tortura de ânsia e põe o corpo para sentir explosões de desejo, de querer. Eu quero. Meio trompete e saxofone: instrumento humano. Mulher. Nada antes ou depois dela. Nenhum detalhe de mortalidade ou efemeridade. Ali é a deusa da música humanizada: a cara negra mais linda, na voz mais linda, na história dura dos gênios... Eu quero ter um corpo sob o meu nas récitas libidinais desta diva estadunidense. Cavalgar o amor tendo a voz dela me arranhando as costas e os tímpanos. Quero repetir o que foi felicidade. Segurar a pedra e estar inteiro sobre ela. Muitas récitas e o fazer amor deixando a mediocridade para bem longe de mim.

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