sábado, 30 de março de 2013

Da tirania


Eu procuro novidades
Com a alma em carne viva,
Em outra cidade,
Sangrando de raiva e cansaço
Sobre os não dos mandatários
Do lugar onde nasci.

domingo, 24 de março de 2013

MB abraça o espaço com poesia



Cheia d'alma,
o que diz salva
desse vazio que
eu sinto agora.

terça-feira, 19 de março de 2013

Sinto nada



Porque tão dentro em mim, como as garras em que me rasgo, estando de fora, já que me confesso, e não nego, o sangue que me verte pelos vãos desta estrada, e não sinto nem mais dor.

domingo, 17 de março de 2013

Elis Regina



Hoje ela faria 68 anos.
Nessa canção, toda força dilacerante do seu canto.
Noção da perda, o amor que foi...

Elis é voz necessária,
conteúdo de grandeza artística,
algo que aglutina e espalha,
formas do Brasil,
cantora universal.

O incondicional



Preciso de um abraço quente da vida,
me mover dentro dele sereno,
acarinhado por fora e por dentro,
acionando a esperança,
me sentindo criança,
abrigado no amor da mãe e do pai.

Chet Baker: pra sempre!



Chet Baker,

insuportavelmente lindo...
cool sem medidas,
a dor terrrível,
a beleza dilacerada...

 Urgentíssimo,

Chet Baker, este menino!

quinta-feira, 14 de março de 2013

Ardendo




Eu uso da tristeza o caldo inexplicável da insatisfação.
A vontade acesa de doer para ter o que dizer.
O cadafalso que obrigo a mim mesmo,
Um certo silêncio,
Mentiras diurnas.
E à noite faço fogueira
Para arder nos desejos.
 

( escrevi pensando em poesia, lembrando-me de Ana C.)

sábado, 9 de março de 2013

Mulher-mãe Zulmira

 
 

Mulher é um exercício,
Uma construção que se trabalha
E se apresenta, que se consolida.

Mulher é sem preguiça,
Para o cotidiano das coisas que se espalham,
Ventam desta força de se fazer valer.

Mulher - sempre uma pergunta,

Muita vontade em responder;
Sente se for preciso,
Ignora humanamente.

Política e Princípio.

Mas, também há mitos:

Dança do respeito e testemunho
De algumas que abrigam e curam.

No centro de mim,
Neste 08 de março de 2013,
Mulher -mãe Zulmira,
Mão da proteção,
Luz em muitos viveres.

Bel,



Quando você sorri nunca anoitece,
Quando séria fica,
Amalgama-se com a lua,
Para fazer a noite linda.

Vago no silêncio o meu olho,
Incansável e soberbo,

A fruir os horizontes da sua presença
Mulher.

Tão atemporalmente negra,
Em adereço universal,
Não sei se torço, se dorso
Estilo, Carnaval.

É o espelho da beleza
No inteiro do corpo
Vestindo o rosto
Da menina que alucina.

terça-feira, 5 de março de 2013

Cartagena




Um caminho para o inesquecível. Um alento chegando pelos olhos como a força universal da cura. Uma mera procura frente a tanto encontrar. Muralhas que aprofundam o sentido da prisão, mas que são pura beleza em liberdade. Com vista para o mar. Passear sem procedência da gente, o conforto preservado da arquitetura histórica, as cores vivas negro-latinas, o sotaque sensual espanhol, as moças, os rapazes, ai Cartagena.

Tanta água circundando que não haveria como não ser: inesquecível. Cenário de um livro imperdível.  Filmes autorais rodando na mente e no coração. Janelas apontando delícias, sorrisos nativos orgulhosos, sabores alimentícios, sabores d’alma, vontade de flanar em pés, charretes e asas. Vontade de me abraçar abraçando o todo do lugar, sentindo o cheiro daquela cidade.

Paisagem que vi quando em mim eu fui feliz. Amigos pertinho chupando picolé. Negras nossas ancestrais ofertando frutas. Dança da mistura que só faz bem. Cidade culpada pela cura do susto desnecessário que levei. No mundo, uma cidade, para mim, fora do mundo, ou fora de tudo, ou fora do que eu não queria mais ver, nem  ter, nem saber... A liberdade!

Ponte sensual para o azul marítimo caribeño e a língua me barrava,  mas eu seguia. O sol sobre o pensamento, a consciência de que a vida vale; o sonho em entretenimento, rabiscos sem sentido no caderno, fotos a desejar. Mas eu estava lá. Contando com amigos e comigo. Sem desperdício, cuidando do melhor que posso dar: o amor que mora em mim.

Casamentos a toda hora... Encontros com Marlon Brando, São Sebastião, Fernando Botero, Gabriel Garcia Márquez, até Bel Borba... A voz da prima de Firmina Daza me dizendo: “ é feio e triste, mas é todo amor”. Bebel me mostrando a “Casa do doutor Urbino’. As flores nas praças. As igrejas e os bares. A música que é Cuba, é a Colômbia, é o Brasil. E Bob nos guiando pelas ruas que ele também desconhecia. O afeto coordenando nossas divergências.

Alguém que vi de passagem. Outro rosto da cidade estrangeira. Meu riso entre os dentes a aflorar numa partida televisiva de futebol. Madonna e Beatles estavam lá. A língua como barreira, a fruição estética que é física, que é corpo, que é vida. Bebida é cerveja em qualquer lugar.

A lua que se exagera.

Em Cartagena, cada canto me lembrou do anseio desmedido que eu tenho de me fazer feliz. Sem medo de me enfrentar, sem receio de sair do lugar, de viajar para onde me dizem que é impossível!