quinta-feira, 30 de abril de 2009

O mar Dorival Caymmi


Ele nasceu em 30 de abril de 1914 e nos deixou, em presença física, em 16 de agosto de 2008. Uma lenda baiana que narra a Bahia para o mundo. Canta o mar e suas atmosferas. Louva Iemanjá - fonte de inspiração aquática - rainha de todos nós... Caymmi é um sonho e uma constância da beleza, como Maria Bethânia... Seu nome nos imortaliza numa espécie de ideação, numa composição atípica de povo, de gente, que reitera a noção de que a Bahia é uma nação no Brasil. Caymmi, poesia marítima e inesquecível neste país do esquecimento. Vive na MPB!
O mar
O mar quando quebra na praia
B7 E C7
É bonito, é bonito
F C7 F
O mar... pescador quando sai
C7 F C7 F
Nunca sabe se volta, nem sabe se fica
C7 F C7 F
Quanta gente perdeu seus maridos seus filhos
C7 F B7
Nas ondas do mar
E B7 E
O mar quando quebra na praia
B7 E
É bonito, é bonito
Pedro vivia da pesca
Saia no barco
Seis horas da tarde
F#m
Só vinha na hora do sol raiá
Todos gostavam de Pedro
E mais do que todas
Rosinha de Chica
A mais bonitinha
E mais bem feitinha
B7 E
De todas as mocinha lá do arraiá
Pedro saiu no seu barco
Seis horas da tarde
Passou toda a noite
F#m
Não veio na hora do sol raiá
Deram com o corpo de Pedro
Jogado na praia
Roído de peixe
Sem barco sem nada
B7 E
Num canto bem longe lá do arraiá
Pobre Rosinha de Chica
Que era bonita
Agora pareceF#m
Que endoideceu
Vive na beira da praia
Olhando pras ondas
Andando rondando
Dizendo baixinho
B7 E
Morreu, morreu, morreu, oh...
E B7 E
O mar quando quebra na praia
B7 E
Caymmi

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Da água que envergonha a sujeira


Eu trago em mim a essência do que concentra a vida, transposta a morte, lava, limpa. A bebida da iluminação, teor da clarificação de dentro para fora; purificação; oxigenação contra o ar apodrecido das gentes matando-se-nos no afã das falsas conquistas...Trago o elemento que desliza rompendo com fúria e paciência e passando, batendo e furando rochas e signos da destruição incerta que nos torna desumanos e arquitetos da maldade.
Trago o refresco do mundo como espada e escudo - minha mãe, meu pai- e me faço o sentido que busco: uma certa paz criativa.
Quando o que me habita borbulha, a justiça divina prepara-se dentro da Natureza e renova o mistério da vida humana neste planeta: o divino sempre me salva. Este elemento que sou eu envergonha e pune com a doce água, vital para a vida, os degetos venenosos e as impurezas desmedidas na garganta dos meros ofensores...
Trago o translúcido verde-azulado rodeado do branco leitoso absoluto: sou-me água marinha e meu lugar não é aqui! Estou de passagem. Vivo de passagem a tremeluzir a luz que nasce Deus. Sou-me o pedaço terrestre do oceano e minha mãe é Iemanjá e meu pai é Oxalá e eu navego a sabedoria que me vem deles. Uma certa paz criativa. Um pouco de luz solar. Poesia.
Sou-me a água dessalinizada dentro do copo, rodeada de azul, e pronta para matar a sede de quem do mundo faz sevícia. Iyá Lodê Omin Epa Babá.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Mamãe Oxum por Maria Bethânia

Oxum
Maria



Mamãe Oxum


Yá Lodê,
Olô Mi Mã,
Olô Mi Má Yó.
Yá Lodê,Yá Lodê Yá.Yá Lodê,
Olô Mi Mã,Olô Mi Má Yó.
Yá Lodê.Mamãe Oxum!
Pode acontecer pra qualquer um
A cabeça tonta,a sedução...
E não dou conta nunca mais do coração!
Meu coração...
Yá Lodê,
Olô Mi Mã,Olô Mi Má Yó.
Yá Lodê,Yá Lodê Yá.Yá Lodê,
Olô Mi Mã,Olô Mi Má Yó.
Yá Lodê,Mamãe Oxum!
Não vá me dizer, que isso é tão comum!
Não existe amor que alucine assim!
Oh! Minha Oxum...Não deixa de cuidar de mim!
Momento algum!
Yá Lodê,
Olô Mi Mã,Olô Mi Má Yó.
Yá Lodê,Yá Lodê Yá.Yá Lodê,
Olô Mi Mã,Olô Mi Má Yó.
Yá Lodê,Um olhar de mulher!
Num instante sequer!
Pode cegar, mas na noite escura,vem me guiar!
Vai dourando a Lagoa
E mergulha no fundo
Já sabe o segredo que mora no medo do meu olhar!
Um olhar de mulher!
Yá Lodê, Olô Mi Mã,Olô Mi Má Yó.
Yá Lodê,Yá Lodê Yá.Yá Lodê,
Olô Mi Mã,
Olô Mi Má Yó.
Yá Lodê,
André Luiz Oliveira/ Costa Netto
P.S.: Mais uma canção que na voz de Bethânia é como se fosse uma oração saindo de mim. As paisagens estão difíceis e só Oxum para abrandar esses movimentos para baixo... Quero este canto de subida, azul amarelo vermelho em minha vida, esta voz veiculando as benções de Mamãe Oxum... Nunca deixe de cuidar de mim. Axé!

domingo, 26 de abril de 2009

Do lugar da Fé


Oração ao Tempo
És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...
Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...
Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...
Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...
Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...
De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...
O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...
E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...
Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...
Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo...
Caetano Veloso

Alice Ruiz na minha tardinha

Foto retirada do blog Porta do Vento

e

eu

que não sou

Alice

vou aprendendo

que

com poucas

Letras

se ganha

o mundo
é

só fazer

do olhar

duto

pra poesia

que

o mundo

veste

e

verte.

Vitor Carmezim

P.S.: Pra verter a melhor poesia... Este poema foi retirado do blog Inéditos e Dispersos, de Vitor Carmezim. Alice me encorajou a não me despir da poesia de hoje e o mundo taí , na minha frente.

Todo menino é um rei


Todo menino é um rei
Eu também já fui rei
Mas quá...despertei
Por cima do mar (da ilusão)
Eu naveguei (só em vão)
Não encontrei
O amor que eu eu sonhei
Nos meus tempos de menino
Porém menino sonha de mais
Menino sonha com coisas
Que a gente cresce e não vê jamais
Todo menino é um rei
Eu também já fui rei
Mas quá...despertei
Avida que eu sonhei
No tempo que eu era só
Nada mais do que menino
Menino pensando só
No reino do amanhã
Na deusa do amor maior
Nas caminhadas sem pedras
No rumo sem ter um nó.
Nelson Rufino/Zé Luiz

Roberto Ribeiro


Toda vez que é domingo a minha memória se atiça buscando saídas. A de hoje finca-se na voz belíssima do saudoso Roberto Ribeiro. Aquele que era a versão masculina da grande Clara Nunes e que nos acalentou ao som de "Todo menino é um rei", do baianíssimo e talentoso Nelson Rufino, que botou na voz de Roberto outras canções ( e sucessos) como "Vazio" e "Tempo Ê". Impressionante como este país esquece rápido, até mesmo vozes que não paravam de tocar em nossas rádios e nos colocavam na roda da alegria, ouvindo o samba inteiro da gente.
Roberto Ribeiro foi consolidação para aquilo que o mestre Jamelão queria: ser chamado de intérprete e não "puxador de samba". E Roberto foi um primoroso cantor e elegante representante da MPB. Era da ala de canto da Império Serrano, e durante anos foi o seu principal intérprete. Cantou composições da companheira de escola de samba, Dona Ivone Lara, "Acreditar" foi um grande sucesso em sua voz. Também acompanhou a nossa Clementina de Jesus, Ivan Lins, o nosso Buarque de Holanda e a eterna Elza Soares, e a sua igual, é claro, Clara Nunes.
Morreu precocemente vitimado por atropelamento em 1996. Roberto faz falta.
Para matar a saudade, a EMI lançou, em 2008, o CD duplo Meu Drama, ali a memória do artista pode ser preservada e a gente pode dimensionar o seu talento e o vazio que sua partida deixou na música brasileira. Ave Roberto!

sábado, 25 de abril de 2009

A moça do sonho

Maria

Súbito me encantou
A moça em contra luz
Arrisquei perguntar: quem és?
Mas fraquejou a voz
Sem jeito eu lhe pegava as mãos
Como quem desatasse um nó
Soprei seu rosto sem pensar
E o rosto se desfez em pó
E corri contra luz para ver de olhos fechados com a força de quem tenta abrir o sorriso alheio. Eu vi a dama do mistério me dizendo que a vida não acaba aqui. Olhei para dentro dela com o poder das adorações e fui poeta flutuando sobre a imagem que não me tinha e nem eu pertencia a ela. O lado de fora fazia silêncio para que a mensagem ultrapassasse a fronteira do sonho. E escorri...
Há de haver algum lugar
Um confuso casarão
Onde os sonhos serão reais
E a vida não
Por ali reinaria meu bem
Com seus risos, seus ais, sua tez
E uma cama onde à noite
Sonhasse comigo
Talvez
Para dentro do centro da morada da musa: espirais vertigens azuis sons medo repetições melhoras buscas sílfides cruz contas rendas seda flores sol harpa luva chuva mão águia água terra fogo nada céu vermelho branco corpo sexo rio alma palavras mar voz. Lá estava ela se olhando perdida em criações. Asas violentas era a minha imaginação: eu nela sem tocá-la; notas de sua nova emissão, pessoa desintegrada, pura canção...
Por encanto voltou
Cantando à meia voz
Súbito perguntei: quem és?
Mas oscilou a luz
Fugia devagar de mim
E quando a segurei, gemeu
O seu vestido se partiu
E o rosto já não era o seu
Límpida forma da plateia que espreita o seu. Ali, contudo, o eu mergulhado na voz em ressonância, espécie de dança sem corpo em movimento; era o eu na espreita sonora da musa cantando a concórdia do som e da palavra - e o que ele via era seu num tempo que ninguém sabia... A musa respingando rostos compartilhando beleza. Tráfego do mistério, o chão daquela natureza de fogo. Semente aquática configurada na inspiração. Míticos contrapontos, oquidão minha uma linha no sonho...
Um lugar deve existir
Uma espécie de bazar
Onde os sonhos extraviados
Vão parar
Entre escadas que fogem dos pés
E relógios que rodam pra trás
Se eu pudesse encontrar meu amor
Não voltava
Jamais
E a vida girando em torno de um nome que a voz do rosto da moça no sonho não faz esquecer... E batalhões de sentidos descritos no signo das canções. Ela me repetindo o que eu vivo a dizer. Meu sonho labiríntico; colunas que não sustentam; mapas que se rasgam; bússolas que escapam; o desejo de não ficar; o vazio do se não for; o silêncio do que nunca foi; uma vida só não basta; a quentura da cama; o medo do sim. O drama da moça desenhando meu sonho; o meu pedido na voz daquela musa, a moça, dentro do meu sonho.
Minha outra certeza: não quero nunca despertar dela. Ela que é a minha inspiração e marca de paixão o nome do qual não sei me perder.
P.S.: A moça do sonho, de Chico Buarque e Edu Lobo; encenada em música e letra , por ela, Maria Bethânia - manancial dos meus melhores sonhos.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Tempero da imaginação

Maria e eles
Para que seja feita hoje mais uma reiteração. Sobre o que me alimenta me enfeitiça por entre as curvas sinuosas da verdadeira beleza. E digo assim: beleza maior ao redor de outras tantas. Uma voz sagrada comunicando-me a presença santa de São Jorge. Presença de Jorge. Cavaleiro de Jorge. Traços de Maria. Ela, tempero raro da minha imaginação - poesia sonora e visual nos dizendo assim:
"Eu sou muito do lado da interpretação, a minha linha é diferente daquela coisa melódica e esmiuçada de outras cantoras. Eu sou o teatro, a ópera, o drama grego. Quando eu cito alguns compositores é porque me sinto próxima e, como já disse, posso acrescentar com a minha criação alguma coisa".
E quando ela cria abrem-se em mim as portas da inspiração. Ou serão da percepção como acende Blake?

Para ver o sol sobre mar e gente

Foto de Luís Américo Bonfim

Meu peito pede o jeito do sol pelos caminhos. Hoje, nada da circularidade de guarda-chuvas, de poças d'água espalhadas, de chuva molhando, de roupa encharcada, de cinza no céu, cabelo pesando, sonho faltando, cheiro de medo no ar...
Hoje tem que ser um dia de dentro: os olhos querendo o sol sobre o mar e a gente negra da Bahia, para ter permissão à beleza que a poesia dá. Hoje quero escrevinhar num papel sem razão literária a palavra do coração...Do que me basta: encontro, carinho e contínua sedução...Quero ver o mundo pelos olhos brilhantes e fazedor de milagres do fotógrafo e assim, escorrer vontades nas palavras que escrevo para vencer alagaduras que me trazem securas de uma vida sem "cais".
Quero o mais comum: vê sem ser visto e esquecer.Calor. Eu quero o calor de uma paisagem solar diante do mar desta terrinha. Lavar uma conta azul translúcida na beira-mar e desejar que o Universo me renove forte e saudável para novas conquistas. Para caminhar outras línguas. Para sonhar no movimento da impulsão retesando-me a outros lugares. Minha camisa branca não pede paz; pede sentimento. Pede o toque do movimento e o nascer de novas canções...
Poesia na imagem, no papel, no blog, na parede, no grafite, no sorriso, no dorso nu,no silêncio, na imaginação e na coragem.
Eu quero o que vejo na foto acima e convido você a ver comigo:" meu coração da escuridão quer milagres"," meu coração não quer saber o que sabe". Ver o sol a brilhar o mar e a gente da Bahia. Sem tempo nem saudade. Vem.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

A pequena princesa - o livro


O ano foi, precisamente, 1983, e eu era assíduo frequentador da biblioteca do Museu da Cidade, no Pelourinho, Salvador- Bahia. Ali os livros já se mostravam para mim como a grande companhia e uma das minhas maiores alegrias existenciais. Apareceram-me Jorge Amado, Machado de Assis, Bernardo Guimarães, Agata Christie, Fernando Pessoa, Sidney Sheldon e muitos livros da coleção "Para Gostar de Ler", que tinha A ilha perdida, O caso da borboleta Atíria e O escaravelho do diabo; sonhos e sonhos encantados em minha vida e ler era ser o que a imaginação trazia. Veio as Reinações de Narizinho - Monteiro Lobato. Mais imaginação. Chegaram outros poetas, como Vinicius, e as coisas foram ficando fortes e claras.
Até que então, nesta mesma biblioteca, eu encontrei o "A pequena princesa", de Frances Burnett, e o sentido da literatura ficou ainda maior em minha existência. Foi uma leitura mágica e inesquecível e a mais tocante que tive; mais tocante que Água Viva, da minha Clarice. Foi uma leitura de acompanhamento e de apego às narrativas...De fixação para salvação da vontade de querer continuar.Uma história triste sustentada na noção visceral de esperança. O milagre, ali, acontecia...E, assim,o estalo literário se deu em mim, definitivamente.
Anos depois descobri, lendo o seu Pequenas Epifanias, que este livro marcou também a vida dele, meu Caio Fernando Abreu e isso me deu tanta alegria e eu perdi a vergonha de gostar tanto de algo tão infantil e femininamente belo; meu mestre também gostava. Essas coisas que a alma nos confessa antes da razão perceber. Preciso reler este livro.
P.S.: Não sei nada sobre a adaptação acima( que traz a imagem da menina e o rato); quero a tradução antiga deste livro e quem souber, por favor, ponha-me frente a ele de novo. Axé para todos nós.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Clementina de Jesus vista por Walter Firmo

Dona Quelé
Simplesmente isso: ela é sensacional. Não há desgaste de adjetivos para tratar e traduzir a rainha do jongo brasileiro; ela marcou-se entre nós tardiamente, mas trouxe elementos musicais e interpretacionais jamais vistos entre os grandes da MPB. Foi um achado luminoso de Hermínio Bello de Carvalho, ovacionada por Caetano Veloso, parceira de Clara Nunes, eterna memória brasileira de construtos afrobrasileiros pouco lembrados por nosso povo.
A foto exposta acima compõe a importante exposição " Walter Firmo em Preto e Branco", que o Palacete das Artes Rodin Bahia trará para Salvador a partir de 30 de abril de 2009, às 19h., com direito a coquetel, totalmente aberto ao público. A mostra tem a curadoria de Emanoel Araújo e arregimenta fotografias históricas do grande Walter Firmo, etnografando o cotidiano do povo brasileiro, majoritariamente traz humanos negros, fotografados em preto e branco, apesar de trazer fotogramas também em cores, e de ter como ilustração fotos históricas de personagens como Pixinguinha, Grande Othello, Pelé, Ataulfo Alves, Cartola, Olga do Alaketo e a lindíssima Clementina de Jesus. Imperdível. Nesta mesma noite, será lançado, na Bahia, o livro "Walter Firmo - Brasil : Imagens da Terra e do Povo", pela editora Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. O mesmo será vendido por 190 reais.
SERVIÇO
Mostra: “Walter Firmo em Preto e Branco”
Artista: Walter Firmo
Curadoria: Emanoel Araújo
Local: SAC do Palacete das Artes Rodin Bahia
Abertura: 30 de abril de 2009
Horário: 19 horas (aberta ao público)
Visitações: de 1º a 31 de maio de 2009, das terças-feiras aos domingos
Horário: das 10h. às 18 horas.
Endereço: Rua da Graça, 284, Graça
Entrada Franca

Lançamento: Walter Firmo- Brasil: Imagens da Terra e do Povo (livro)
Editora: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo
Local: Palacete das Artes Rodin Bahia
Horário: 19 horas.
Valor do livro: 190 reais.
Aberto ao público

Maiores informações:
Murilo Ribeiro ( diretor do Palacete das Artes): (71) 8888-8202//3117-6987

Ascom/Palacete das Artes: Marlon Marcos (jornalista DRT-BA 2235): (71) 8107-4693//3117-6986

Setor de Produção/ Palacete das Artes: Janaína Mendes – (71) 3117-6983

domingo, 19 de abril de 2009

Roberto Carlos, 68 anos


Parece-me uma extensão da ideia que tenho do amor. Uma coisa para ser dita cafona e é o luxuoso encontro que qualquer um de nós buscamos. Tem a palavra precisa , sedutora, simples e comunicativa; o que fala para dentro e a todos; tem a outra coisa da roupa azul e branca, em sinal de paz e amor...Tem melodias transbordantes, a cerveja, o vinho, sei lá, fazendo a cabeça rodar dentro da delicadeza que entragamos a quem amamos - tem essa paisagem sonora que é a voz mais tocada mais ouvida mais sentida mais vendida mais comum mais masculina mais precisa mais amável mais irreal e a mais real de todas que temos aqui. Voz de rei. Onipresente.
Toda vez que chove em minha vida, é um tipo de tarde de domingo, às vezes, também, choroso... A memória ruminando lugares pessoas cores flores fantasias toques...E aquelas canções do Roberto que eu estampo na camisa.
Parece-me algo indissociável da noção antropológica de identidade cultural de uma nação. Do Brasil. Algo que nos agrupa em amar ou odiar a obra de um cantor que é a nossa alma. Um cantor que tem 50 anos de carreira. Gravado pelos que seriam símbolos da nossa "alta cultura" popular. Existe isso? Caetano Veloso diria: ''burrice". Algo dizível na fita que guarda o desespero do meu amor a alguém, e só Roberto, em sua voz e música, poderia me representar dimensionando o meu desejo em tocar inteiro um corpo. Sem perder a ternura que abastece os amores mais profundos.
Parece-me a visita constante de um grande amigo me falando das coisas mais lindas que movimentam os humanos. E eu ouvindo Detalhes, Jovens tardes de domingo, Seu corpo, Rotina, Além do horizonte, As canções que você fez pra mim, Fé, Nossa Senhora, Lady Laura, Olha; mais que tudo, preso à dilacerante audição da obra prima dos Carlos: As curvas da estrada de Santos. Quantas lágrimas eu tenho derramado. Uma discografia para cartas e cartas de declaração ao amor eterno. Uma discografia de música perfumada e tátil. Impregnada à mémoria; aquática refletindo olhos castanhos; música cantarolada pelo gerente do banco, pela doce diarista, pelo frentista, pelo professor de história, pelo dentista,pelo petista, pelo cara do DEM, pelo outro cantor, pelo eu desafinado e pelas leituras sobre-humanas das maiores Maria Bethânia e Gal Costa.
Parece-me que doer é fato da criação. E eu noticio os 68 anos de Roberto Carlos , maior na gente que seus cem milhões de discos vendidos. Noticio agradecido por sua presença combustível que me deu movimento nas minhas histórias de amor. A mais importante selou uma fita todinha com músicas dele - e eu a enviei no intervalo doído do tempo de uma postação que me deixou sem resposta... Meus olhos presos no retrovisor mas o tempo não para.
Vida longa ao rei ! Em suas novas comemorações volta a cantar com nossas musas e eu nem quero imaginar ele cantando com Maria Bethânia. Eu quero "audio-assistir". De perto.

Corsário


Meu coração tropical está coberto de neve mas
Ferve em seu cofre gelado
E a voz vibra e a mão escreve mar
Bendita lâmina grave que fere a parede e traz
As febres loucas e breves
Que mancham o silêncio e o cais
Roserais nova granada de Espanha
Por você eu teu corsário preso
Vou partir na geleira azul da solidão
E buscar a mão do mar
Me arrastar até o mar procurar o mar
Mesmo que eu mande em garrafas
Mensagens por todo o mar
Meu coração tropical partirá esse gelo e irá
Com as garrafas de náufragos
E as rosas partindo o ar
Nova granada de Espanha
E as rosas partindo o ar.
João Bosco/Aldir Blanc
P.S.: Entre centenas de canções feitas pela riquíssima MPB, Corsário é minha canção favorita; a mais bonita, a mais tradutora, a que mais me emociona em suas várias regravações : a de Zizi me chega como definitiva; a de Elis me assombra e me encanta; a de Célia é pontualmente linda; a de Bosco é épica, espanhola; Djavan entrega a ela muita doçura...E eu sou o corsário da canção. Acompanhando esta mágica musical brasileira, eu cito Trem das Cores de Caê, Esotérico de Gil, As curvas da estrada de Santos de Roberto e Erasmo, As vitrines de Chico Buarque. Só pra ser didático,não é? Vinicius me deixaria escrevendo sobre um centro de músicas que ele fez. Nisso aí, ser brasileiro é "mara!".

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Tintas para uma revolução sem fim

Frida

Ela mexeu com o imaginário feminino nos anos 80 e 90 do século XX. E ainda é um frisson entre as feministas, lésbicas, mulheres de esquerda, artistas e curiosas... Sem exageros, a passagem desta mulher entre nós significa e desdobra muitas possibilidades que tivemos e temos em coisas desenhadas pelo universo feminino. Um mito, sim. E, uma mulher inesquecível que idealizou a Revolução Mexicana começada em 1910... Sobre isso ela fala assim:
"Estou muito preocupada coma minha pintura, acima de tudo, porque quero transformá-la em algo útil; até agora,tenho simplesmente veiculado uma atitude honesta de mim própria, mas que, infelizmente, está muito longe de servir o partido. Tenho que lutar com todas as minhas forças para assegurar que a única coisa positiva que a minha saúde me permite fazer beneficie também a Revolução, a única verdadeira razão de viver".
Frida Kahlo - inteiramente artista e revolucionária

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Zé do Caroço

Leci Brandão
No serviço de auto-falante
Do morro do Pau da Bandeira
Quem avisa é o Zé do Caroço
Que amanhã vai fazer alvoroço
Alertando a favela inteira
Como eu queria que fosse em mangueira
Que existisse outro Zé do Caroço
Pra dizer de uma vez pra esse moço
Carnaval não é esse colosso
Nossa escola é raiz, é madeira
Mas é o Morro do Pau da Bandeira
De uma Vila Isabel verdadeira
O Zé do Caroço trabalha
O Zé do Caroço batalha
E que malha o preço da feira
E na hora que a televisão brasileira
Distrái toda gente com a sua novela
É que o Zé põe a boca no mundo
Ele faz um discurso profundo
Ele quer ver o bem da favela
Está nascendo um novo líder
No morro do Pau da Bandeira
Leci Brandão

Leci Brandão e Mariana Aydar

Leci
Mariana

Hoje foi um susto. Um tombo. Uma epifania para a impulsão. Alegria. Inteira. A voz de Mariana Aydar na voz de Leci Brandão na canção Zé do Caroço. Esta, composição da grande Leci que ganhou tonalidades épicas em duas interpretações de arrepiar. Que delícia. Corri para comprar o CD Kavita 1 de Aydar e guardar este momento. Já conhecia e adorava Zé do Caroço na voz de sua compositora, mas esta gravação tem o colorido do encontro entre duas gerações e traz a reverência, mais que merecida, de Aydar à damíssima Leci Brandão. Mágico. A vida tem isso também. Graças a Deus!







quarta-feira, 15 de abril de 2009

Passagem

E quase nada é seguro. Absoluto. Constante. A vida é uma abstração que pesa mais do que acalma, desespera em suas negociações com o querer, aliás, o que deveria ser viver tão simplesmente, não é; a vida é querer. Às vezes, com agonia. O vento que chega trazendo notícias; a voz que cala para ouvir a memória e chove e o chão se molha de lágrimas. Uma luz no horizonte da espera anuncia uma espécie de afirmação. Mas não. O tempo ainda não é. E nesse texto de muitos anos falta caber "meu". O coração que já desiste e elabora respostas que nunca tiveram perguntas. A vida num desenho de azul com vermelho dando atalhos para a imaginação. A socialização que não serviu. A escravização das identidades essencializadas e a palavra que não subverte. Uma inscrição ao nada da alma que não se tem. Azul como modelo do amor e busca. A busca na crua passagem das horas. A vida que se esgota. O peso da beleza na gravura escolhida. O medo da morte junto ao medo do insosso fracasso. A roupa branca rasgada. Três caminhos e nada. Nada da verdadeira respiração.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Azuela para o Azul


“O astronauta ao menos
Viu que a terra é toda azul, amor
Isso é bom saber
Porque é bom morar no azul, amor”
Vinicius de Moraes




O amor, a saudade, a espera e os sonhos, são assim : órbita do azul nos olhos... Maior que noite e dia, sem perguntar a alegria, o azul infinita-se na tradução da beleza que há.

Milimétrica estesia que se somando a velocidade da luz, nos arranca do dessentido e nos faz girar até a conquista dos nossos mais significativos instantes. Espasmo da voz alongando-se ao centro do coração amado, horizontando-se como chegada, como entrada, como fixa absorção do nutriente mais preciso... Descarga, aos olhos, o azul é pedido.

Fruto calorífico das canções diluídas da POESIA. Marca sutil da tristeza que inspira. Símbolo apaziguador da força do sol no céu dos trópicos. O canto de Billie. A récita de Bethânia. Os olhos-castanhos mais amados molhados de lágrimas doces. Um grito escondido. A palavra em Clarice. O poema de Hilst abrindo maior a ferida. Uma seleção de músicas em fita. O sorriso dos amigos. Água do mar banhando. Ondas do mar alisando. Calma pós-orgástica. Beijo de filha. Sobrevoo no Rio de Janeiro. Morada soteropolitana. Dança descolada. Cerveja, pipoca e filme. Café. Ouro Branco, o chocolate. Jornalismo em atividade. An-tro-po-lo-gia. Do real à fantasia, com jeitinho carinhoso, o azul sempre está.

Camucim com rosas amarelas, acima de uma grande mesa de jacarandá, encoberta com toalha em renda azul-turquesa, à espreita do nome da felicidade voltar. Nas asas, na cara, no corpo, leve e brando, guardadinho por tecido inventado com esta cor dos melhores sonhos...

AZUL, pelo PODER deste AMOR.

domingo, 12 de abril de 2009

Gal Costa - sempre musa!

Gal
P/ Diva Vieira Passos
Talvez nada termine e tudo recomece. Tudo se lançe a refletir o que foi antes e o novo seja, e é, cria do ancestral...Talvez não. É assim: a poesia de uma musa trazendo a memória da mãe; neste dia de despedida e solidão. Uma voz universal cantando um samba que rememora nos ouvidos e coração a ideia da saudade na grandeza de uma canção... Assim:
Feitio de Oração
Quem acha vive se perdendo
Por isso agora eu vou me defendendo
Da dor tão cruel desta saudade
Que, por infelicidade,
Meu pobre peito invade
Batuque é um privilégio
Ninguém aprende samba no colégio
Sambar é chorar de alegria
É sorrir de nostalgia
Dentro da melodia
Por isso agora lá na Penha
Vou mandar minha morena
Pra cantar com satisfação
E com harmonia
Esta triste melodia
Que é meu samba em feitio de oração
O samba na realidade não vem do morro
Nem lá da cidade
E quem suportar uma paixão
Sentirá que o samba então
Nasce do coração.
Noel Rosa e Vadico

P.S.: Saudade e agradecimento dentro de mim; valeu, mainha!


Das lições de Batatinha

Mestre Batata

“Todo mundo vai ao circo/ menos eu, menos eu/ Como pagar ingresso se eu não tenho nada/Fico de fora escutando a gargalhada”. Esses versos são de um dos maiores poetas da música do Brasil no séc. XX: Batatinha. O circo é um manifesto; de modo simples, sem muitas elaborações, ela, a canção, perfila o teor de exclusão social vivida pelos humanos negros e pobres na Bahia dos anos 40, 50, 60 e 70. É uma obra prima. E eu não estou pedindo o tombamento da canjica.

Agora é tempo de relembrar a importância histórica do compositor da dor no cancioneiro brasileiro; a pouco mais das 18h., do dia 22 de março, no Unibanco Glauber Rocha, foi lançado o excelente longa “Batatinha – O Poeta do Samba”, de Marcelo Rabello, que verteu lágrimas dos olhos de quem viu a sua projeção.
O documentário recupera, em belas imagens, a trajetória e a ambiência vivida por Oscar da Penha, em sua Cidade da Bahia, que tanto lhe deve por sua grandeza artística, e que poucos conhecem e reconhecem; o homem de versos primorosos e tristes tornados “canções de carnaval”. Como linguagem, o documentário não é inovador; lembra o já feito sobre outro grande sambista, o carioca Cartola; busca uma narrativa meio sociológica, passeando pelo nosso empobrecido Centro Histórico. Mas, com maestria, capta a poesia da obra de Batatinha desfiada nos lugares mais freqüentes em que o mestre viveu. E amigos, parceiros, filhos têm voz para falar sobre a estrela maior deste filme.

É isso: o grande mérito de Rabello, como diretor e roteirista, é ter feito Batatinha a estrela maior de seu próprio documentário. Ele evitou entrevistas e depoimentos com nomes nacionais da música brasileira, que divulgaram o nome de Batata; conseguiu assim, relatos comoventes da gente que viveu o tempo todo com ele e que endossam o seu talento submetido ao provincianismo da Salvador de outrora.

Conheci Batatinha via Caetano Veloso, em Hora da Razão, e Maria Bethânia, em Diplomacia. Sou fascinado pelo CD Diplomacia, produzido por Jota Velloso e Paquito, em 1998; ali tem Bethânia sublime em Bolero e Jussara eterniza Ironia, esta de Batatinha com Ederaldo Gentil. Aliás, a cena mais forte deste documentário é a que traz Ederaldo sem mostrar o rosto, chorando, tendo suas palavras, sobre o mestre morto, lidas por sua irmã, e Vera da Penha, filha de Batata, o consola e cantarola outra obra prima do samba brasileiro: Ironia.

Ah! Bahia do carnaval dos brancos da “Orla”. Por que não criam uma Fundação Batatinha e ajudam na reforma do bar Toalha da Saudade, referencial que pulula a memória do nosso poeta. Toalha, onde no início dos anos 90 eu bebia cerveja e comemorava meus aniversários. Toalha, onde ainda hoje, eu bebo, ouço samba, e converso com Vavá, filho do mestre.

(Publicado no Opinião do A Tarde em 09 de abril de 2009)

sábado, 11 de abril de 2009

Chico e Caetano: bravíssimos!


Não posso falar dos lançamentos recentes do trabalho destes dois símbolos brasileiros da nossa grande criação; falo do fato dos dois estarem juntos, em Abril, lançando um livro( Buarque) e um CD(Caetano) e serem a capa, deste mês, da excelente revista Bravo! Apesar de destacar mais Chico, a matéria nos condiciona a dimensionar, ainda hoje, a indelével e atualíssima marca artística dos dois compositores que eu mais amo neste país. Pra mim, são equânimes no sentido da importância cultural para nós, apesar de eu venerar mais Caetano.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Sinônimo da vitória

Maria

Da maneira que se cria, uma voz em sua alta resolução. Tiras da beleza ornamentando meu olhar, que olha para a noite que se inicia, e dela, justo nela, a esperança começa brotar... É um tempo de excelência e realização... O corpo de sílfide bradando sobre areias no palco a grandeza de uma cultura que nos acende. Vem dela a voz altiva e eloquente do que poderia ser mais claro e vital para a coexistência humana. Vem, me chega essas lições antropológicas reunidas numa obra de cantora popular. Inteira magia. Marco do que não se esgota em uma obra que nada pode pagar ou apagar. É o que há e eu não quero fora de mim. Assim, ensinando a se fazer um país que nos melhor seria. Tiras da beleza em minúcias de um talento: seguro movimento do que persiste, do que inventa e do que transforma. Musa da consagração, sinônimo da vitória.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Simplesmente isso: eu estou aqui!


Tardinha de nuvens e leveza. Um pouquinho de febre daqui como alimento de desejo sexual e jeito da melhor companhia. Cara de desenho queridíssimo. Adornos em azul e branco e a mente. Luz no início do túnel para o infindo mistério que acompanha este após. São dias de Abril. Sol amarelo no lugar azul da inspiração. Lugar de música e a poesia se esparramando da maneira sutil que a torna a mais sagrada das artes. Hilst na mão e o pensamento livremente amoroso como deveriam ser todas as vidas. Boa tarde, alegria!

Fragmentos do AMOR de Hilst- pela manhã

Hilda Hilst

Numa tentiva de adolescer com qualidade, enfrentar manhazinhas comuns e cotidianas, deixar de ser você, por horinhas consagradoras a coisas que só a grande poesia pode trazer. Vem dela, de quem mais seria?

I
Que este amor não me cegue nem me siga.
E de mim mesma nunca se aperceba.
Que me exclua do estar sendo perseguida
E do tormento
De só por ele me saber estar sendo.
Que o olhar não se perca nas tulipas
Pois formas tão perfeitas de beleza
Vêm do fulgor das trevas.
E o meu Senhor habita o rutilante escuro
De um suposto de heras em alto muro.
Que este amor só me faça descontente
E farta de fadigas.
E de fragilidades tantas
Eu me faça pequena.
E diminuta e tenra
Como só soem ser aranhas e formigas.
Que este amor só me veja de partida.
II
E só me vejaNo não merecimento das conquistas.
De pé.
Nas plataformas, nas escadas
Ou através de umas janelas baças:
Uma mulher no trem: perfil desabitado de carícias.
E só me veja no não merecimento e interdita:
Papéis, valises, tomos, sobretudos
Eu-alguém travestida de luto.
(E um olhar de púrpura e desgosto, vendo através de mimnavios e dorsos).
Dorsos de luz de águas mais profundas.
Peixes.
Mas sobre mim, intensas, ilhargas juvenis
Machucadas de gozo.
E que jamais perceba o rocio da chama:
Este molhado fulgor sobre o meu rosto.
III
Isso de mim que anseia despedida
(Para perpetuar o que está sendo)
Não tem nome de amor.
Nem é celeste
Ou terreno.
Isso de mim é marulhoso
E tenro.
Dançarino também.
Isso de mim
É novo: Como quem come o que nada contém.
A impossível oquidão de um ovo.
Como se um tigre
Reversivo,
Veemente de seu avesso
Cantasse mansamente.
Não tem nome de amor.
Nem se parece a mim.
Como pode ser isto?
Ser tenro, marulhoso
Dançarino e novo, ter nome de ninguém
E preferir ausência e desconforto
Para guardar no eterno o coração do outro.
VII
Rios de rumor: meu peito te dizendo adeus.
Aldeia é o que sou.
Aldeã de conceitos
Porque me fiz tanto de ressentimentos
Que o melhor é partir.
E te mandar escritos.
Rios de rumor no peito: que te viram subir
A colina de alfafas, sem éguas e sem cabras
Mas com a mulher, aquela,
Que sempre diante dela me soube tão pequena.
Sabenças?
Esqueci-as.
Livros?
Perdi-os.
Perdi-me tanto em ti
Que quando estou contigo não sou vista
E quando estás comigo vêem aquela.
VIII
Aquela que não te pertence por mais queira
(Porque ser pertencente
É entregar a alma a uma Cara, a de áspide
Escura e clara, negra e transparente),
Ai!Saber-se pertencente é ter mais nada.
É ter tudo também.
É como ter o rio, aquele que deságua
Nas infinitas águas de um sem-fim de ninguéns.
Aquela que não te pertence não tem corpo.
Porque corpo é um conceito suposto de matéria
E finito.
E aquela é luz.
E etérea.
Pertencente é não ter rosto.
É ser amante
De um Outro que nem nome tem.
Não é Deus nem Satã.
Não tem ilharga ou osso.
Fende sem ofender.
É vida e ferida ao mesmo tempo,
“ESSE”
Que bem me sabe inteira pertencida.

IX

Ilharga, osso, algumas vezes é tudo o que se tem.
Pensas de carne a ilha, e majestoso o osso.
E pensas maravilha quando pensas anca
Quando pensas virilha pensas gozo.
Mas tudo mais falece quando pensas tardança
E te despedes.
E quando pensas breve
Teu balbucio trêmulo, teu texto-desengano
Que te espia, e espia o pouco tempo te rondando a ilha.
E quando pensas VIDA QUE ESMORECE.
E retomas
Luta, ascese, e as mós do tempo vão triturando
Tua esmaltada garganta...
Mas assim mesmo
Canta! Ainda que se desfaçam ilhargas, trilhas...
Canta o começo e o fim.
Como se fosse verdade
A esperança.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Dia do Jornalista (07 de Abril)

Eu sei que sou mais antropólogo, mas eu também amo essa profissão de JORNALISTA, ainda mais quando referendada pelo colega Gabriel Garcia Marquez:

"Porque o jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e humanizar mediante a confrontação descarnada com a realidade. Quem não sofreu essa servidão que se alimenta dos imprevistos da vida, não pode imaginá-la. Quem não viveu a palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo do furo, a demolição moral do fracasso, não pode sequer conceber o que são. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderia persistir numa profissão tão incompreensível e voraz, cuja obra termina depois de cada notícia, como se fora para sempre, mas que não concede um instante de paz enquanto não torna a começar com mais ardor do que nunca no minuto seguinte."


94 anos : Billie Holiday

Eu também quero um copo, e ouvir em silêncio, olhando uma foto antiga, colorindo de palavras perdidas um papel branco qualquer...Um copo que me tire do chão, me deixe mais aéreo, me faça viajar zonas perdidas, não aponte nenhuma solução. Eu quero aquela voz de invenção em meus ouvidos chorosos e alcançar essa festa da dor que só ela, Billie, sabe dar.
Eu quero imagens de despedidas e chorar sem limite no vão que me deixa passar para dentro da desilusão da vida e viver o instante eterno diante da maior cantora de todos os tempos. Sobre isso de não se saber continuar...Sobre as entregas vãs e infrutíferas...Sobre a falta de remédio do que é crônico na alma...Sobre datas natalícias...Sobre o olhar torpe do humano sobre o humano. Sobre os mitos que foram gente... Sobre a saudade que aniquila...Sobre esta dança que reprime...Sobre o corpo parado que deseja...Sobre a mesa servindo silêncio e sonhos...sobre a falta de vestes...Sobre baldear desertos...Sobre a canção em perversidade... Sobre a cena de um filme com dois homens eroticamente se beijando... Sobre a duração de uma memória... Sobre a foto em uma parede...Sobre sorvetes e coração... E, no absoluto de mim, Billie Holiday cantando.
Hoje são 94 anos da inventora do canto popular no mundo. Reverências!!! O mito vive!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Cruzada

Para ele, meu amigo, Luciano Meron
Não sei andar sozinho
Por essas ruas
Sei do perigo que nos rodeia
Pelos caminhos
Não há sinal de sol
Mas tudo me acalma no seu olhar
Não quero ter mais sangue
Morto nas veias
Quero o abrigo do teu abraço
Que me incendeia
Não há sinal de cais
Mas tudo me acalma no seu olhar
Você parece comigo
Nenhum senhor te acompanha
Você também se dá um beijo dá abrigo
Flor nas janelas da casa
Olho no seu inimigo
Você também se dá um beijo dá abrigo
Se dá um riso dá um tiro
Não quero ter mais sangue
Morto nas veias
Quero o abrigo do teu abraço
Que me incendeia
Não há sinal de cais
Mas tudo me acalma no seu olhar.
Tavinho Moura/ Márcio Borges
P.S.: do calçadão do Leblon, do mar, o sibilo das sereias... Faça-se a beleza.

Yemoja Odô Iyá

Ela traz a sacralidade das mães e é a Mulher altiva dos lares.
Senhora de todas as águas; Poderosa Rainha dos mares.
Dona da orientação das cabeças humanas; Signo da profunda proteção.
Quando Ela chega acalmam-se as cidades ou tudo se inunda...
Habita os sábados, veste-se de branco , azul claro, verde-água
Carrega o alfanje, guerreia e vence o mundo do seu lugar soberano
Arquétipo múltiplo da maternidade
Mãe negra da humanidade.
Yemoja Odô Iyá !

Das rosas amarelas

Subescrevo -me ao vento purificador: melhore meus pensamentos. Da beleza que enriquece e que traz alegria; que concentra a poesia para espalhar aos olhares; que traz sorte e meu coração aceita; que passeia pelos lugares de quem importa pra mim. No que minha mão toca e me eleva à casa da adoração e me perfuma e me enxuga e me consola. Das rosas amarelas em Abril eu peço presença e saúde. Que o belo me acompanhe sem sair de mim por conta do calor. Que a flor me dê razões e eu esteja pronto para ser o que eu já sou. Em qualquer mês neste círculo terrestre. Não falte água na minha vida e dela, a água, brote o amor: azulzinho para iluminar-se de amarelo.

Vidas Inteiras

Adri Calcanhotto

Não seja por isso
Eu não tenho pressa
Eu posso esperar vidas inteiras
Mas tenha a certeza de que lhe interessa
Deixar escapar o ouro do agora
Para que não seja numa tarde dessas
Tarde demais

Não seja por isso
Eu não tenho pressa
Eu posso esperar vidas inteiras
Mas tenha a certeza de que lhe interessa
Deixar escapar o ouro do agora
Para que não seja qualquer tarde dessas
Tarde demais
(Adriana Calcanhotto)


P.S.: Trazendo mais cores para Abril. Sem acreditar em muito, esta canção é uma delícia adriânica que ouvi em Polaróides Urbanas, de Miguel Falabella.Adorei o filme e a canção. A última me fez sair do cinema aos prantos e rezando... Poesia e Esperança calcanhottos.

Abril

Adriana Calcanhotto

Sinto o abraço do tempo apertar
E redesenhar minhas escolhas
Logo eu que queria mudar tudo
Me vejo cumprindo ciclos, gostar mais de hoje
E gostar disso
Me vejo com seus olhos, tempo
Espero pelas novas folhas
Imagino jeitos novos para as mesmas coisas
Logo eu que queria ficar
Pra ver encorparem os caules
Lá vou eu, eu queria ficar
Pra me ver mais tarde,
Sabendo o que sabem os velhos
Pra ver o tempo e seu lento ácido dissolver o que é concreto
E vejo o tempo em seu claroescuro
Vejo o tempo em seu movimento
Me marcar a pele fundo, me impelindo, me fazendo
Logo eu que fazia girar o mundo,
Logo eu, quem diria, esperar pelos frutos
Conheço o tempo em seus disfarces, em seus círculos de horas
Se arrastando feito meses se o meu amor demora
E vejo bem tudo recomeçar todas as vezes
E vejo o tempo apodrecer e brotar
E seguir sendo sempre ele
Me vejo o tempo todo começar de novo
E ser e ter tudo pela frente

Calcanhotto

P.S.: Para amainar essa sensação de nada ou tudo, dentro de mim, muito ruim. Escrever e revelar. Eu amo essa canção e quero ouvi-la na voz de sua autora. Pedi isso a ela e espero que atenda. Brisa caymmiana sobre mim; Iemanjá, minha mãe, socorro!!!

Da energia de Abril


Eu estou intempestivo e Abril já chegou atiçando minhas desconfianças. Não gosto destes mês. O sinto florescendo alguns desprazeres. Há presença de rosas, eu sei...Muita gente linda nasceu neste mês mas, dá pra convocar maio? O ar tá abafado, excesso de trabalho e pouca música circulando. Ah, tem a Bienal do livro e livro salva e é bem-vindo em qualquer mês. Até em Abril.
O pior deste mês é a memória das minhas maiores perdas. Tudo bem, tem coisas que não podem ser giz.

domingo, 5 de abril de 2009

Eterna Cássia

Eller

Em cena ela era altamente revolucionária, agressiva até. Trazia sua chama de provocação e foi, aos poucos, conquistando os "nerdes" desta nossa reacionária classe média formadora de opinião e consumidora de produtos culturais. Cássia, ao vivo e em cores, era dulcíssima e generosa. Uma mulher que eu queria ser. Alguém que, da sua simplicidade, comunicou a nós todos raridades. Cantora absoluta, inovadora e marcante pelas peculiaridades que faziam dela um fenômeno de conquista estética e consolidação no mercado musical brasileiro. Ela não foi só uma intérprete da cena alternativa; ela dominou, do seu jeito, a música no Brasil dos últimos anos, chegando perto das "monstras" sagradas que a antecederam...Chegando perto de Maria Bethânia em traços de criatividade estética e beleza artística. Como estaria nossa música se Cássia estivesse viva? Seria ela, de verdade, hoje, a maior cantora brasileira de todos os tempos? Não quero endossar os mitos. Eu já tenho o meu e se chama Maria Bethânia - a minha tradução inteira e, pra mim, a melhor atemporalmente. Mas Cássia me despertava amor. Vontade de ser. Coragem de ser. E eu não tinha vergonha de amar ninguém e lutar por esse alguém do jeito que o coração pedia. Hoje até envelheci e fico vermelho perante minhas loucuras muito inaceitáveis. Saudade desta menina-macho. Homem-mulher que pariu e se entregou à sua vida. Morreu tão jovem, com a idade que tenho agora, pronta a fazer lindezas...Eu da idade dela, tão velho e pouco criativo, estancado, esmagado pela rotina do trabalho; sem os arroubos adolescentes que fazem da vida da gente uma eternidade...Cássia, ao terminar este texto que me devassa dentro do vazio destes dias, eu choro; não por você - intensa vontade de viver e fazer, mas por mim, cada vez mais comum em busca de coisas que nunca me foram reais - nunca acreditei na vida real e tenho sido obrigado a isso...Todos ao meu lado são isso...Nem basta posso mais dar.
Você era meu signo de transgressão...Cantou o relicário do amor que mais amei e passou e até isso acabou; cantou as coisas mais lindas em nome da Ilha de Lesbos, sendo uma Safo mais antenada e mais democrática e mais amante e mais aglutinadora. Faltou sua voz com a de Bethânia - iluminando aquilo de mim que eu chamo de maior felicidade.
Eterna compilação de muitos sonhos que tive, tenho e ainda terei...Você nunca me foi morte e sim um Sim ao contínuo nascimento. Primavera. Tenho saudades da sua presença como descreveu nossa Clarice. Tenho. Trabalho. E escrevo para publicar essas coisinhas e me vingar deste mundo bundão que não sabe porque mata e pelo que concorre. Vou ouvir você e Roberto, para não perder meu direito à contradição. Saudades. O Relicário destruiu-se mas a música ficou em mim. Pra sempre. Mas pra sempre sempre acaba, não é?Você não,viu? Eterna Cássia.

Dos livros

Lispector em seu manancial

Dos livros eu quero muito. Tê-los como companhia e , como diria Caetano, prazer tátil. Viajar dentro deles e imaginar coisas que suplantem o dessentido que nos encaminha. Dos livros, quero sentido e fruição e sabedoria e libertação. Por isso, como Jorge Luís Borges, eu vislumbrei:

"Sempre imaginei que o Paraíso fosse uma espécie de livraria".

Será isso, de amar os livros, algo que acomete os solitários? De acordo a Simone de Beauvoir, com livros e leitura não há solidão.

E eu os tenho agora aqui! Então, tá.

sábado, 4 de abril de 2009

De noite com Manuel Bandeira

Bandeira


A palavra em Bandeira é notívaga e desprende-se, em mim, do centro da melancolia. Busca seduzir o mundo mesmo que apontando as suas dores. Algo impregnado de grandeza, vasta folhagem da beleza, e a sofreguidão da falta de sentido que se nos acomete...Sempre Bandeira me chega em leituras noturnas e dele eu recorto:
"Noite morta.
Junto ao poste de iluminação
Os sapos engolem mosquitos.
Ninguém passa na estrada.
Nem um bêbado".
ou
" O córrego chora
A voz da noite
Não desta noite,mas da outra maior".
E eu singro uma certa madrugada na esperança de revê-lo. Marulho em calmaria das palavras e eu as queria para tornar a viver. Choro. O mínimo que faço pelo mundo antes de morrer. Hoje é esse o meu dia.

A arte segundo Fernando Pessoa

Fernando
" O fim da arte inferior é agradar; o fim da arte média é elevar; o fim da arte superior é libertar".

Sem cais

Caê

Ele trouxe, em seu novo disco zii e zie, uma canção de temática marítima: Sem cais. O CD tem previsão para lançamento em 14/04/2009. Como sempre espero atentamente as obras de Veloso, e, por ter gostado muito desta canção, altamente coadunada com a proposta deste blog, a publico aqui e indico que busquem escutá-la, afinal, quem canta é a voz masculina mais bonita do Brasil. A letra:
Catei colo
E o mar parou
Fui deitando
Pra perguntar
Nome, bairro
Amigo, amor
De onde vem
Parar o mar
Seu sorriso
Bateu aqui
Inda posso
Me apaixonar
Quero tanto
Quero tanto
Quero tanto você
Mar aberto
Mar adentro
Mar imenso
Aberto
Sem cais
Tô com medo
Tô com medo
Tô com medo
Tô com medo de ver
Que inda posso
Que inda posso
Que inda posso
Ir bem mais
Barra, Gávea
E Arpoador
Deuses brancos
De luz do mar
Deuses negros
Um esplendor
Quem é essa
E o que será
Quem me dera
Eu poder me dar
Todo a essa
Que eu nunca vi
Caetano Veloso/Pedro Sá

Iluminações


P/Rimbaud
As minhas.
Algo da palavra que caminha o ar.
Que me respira e tira a força.
Algo da palavra que faz o medo,
Desenha o receio mas voa.
Sem paragens e nem imagens.
Só luz azul e branca. E alcança.
Instantes da minha criança que não sabe cessar.
Rastros que não deixo neste voo que faço.
Algo do primeiro para além do final.
Brilho de uma eterna saudade.
Cinema em cores - silêncio.
Saudade.
Iluminuras do meu eu errante
Nas marcas eternas do grande poeta:
Minha descida solitária ao meio-dia
Ao inferno de todo dia em cada um de nós.

Sinuosidade


Num jeito de velocidade, de acúmulos desnecessários, da árdua tarefa de trabalhar muito, da falta de reconhecimento em todas as margens, de tudo que poderia ter sido e basta (!), desta carga infame do tempo passando sem o toque necessário do amor que acalma; a gente se empurrando não se sabe em nome do quê; a gente nas curvas sinuosas desta vida retilineamente óbvia e se perguntando sem coragem de responder. A vida é morrer?
Num jeito da velocidade que nos desobriga sentir, a parar diante da paisagem de água e azul que tanto queremos mas a sinuosidade do caminho aniquila a visão e nos mecanizam : queremos chegar e não sabemos a onde? Existe uma chegada ou tudo que somos é caminho e caminhada?
O tempo não para bradou o poeta... A velocidade desgasta e traz barulho e o que fica de melhor é a mancha na memória sobre a face mais linda do amor. A história despaginada. Modo mais infante de insinuar que o caminho são curvas desconsertantes e perigosas que, em última instância, termina na morte. Sem mais o que escrever.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Três coisas sobre Lispector

Clara Clarice

“Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou a minha vida. Nasci para amar os outros, nasci para escrever, e nasci para criar meus filhos. ‘O amar os outros’ é tão vasto que inclui até o perdão para mim mesma com o que sobra. As três coisas são tão importantes que minha vida é curta para tanto. Tenho que me apressar, o tempo urge. Não posso perder um minuto do tempo que faz minha vida . Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca”.
P.S.: Este texto me comove muito. É a mulher Clarice Lispector - minha maior referência na literatura mundial. Retirei do blog de Vitor Carmezim, que retirou do blog de Niltinho e assim, Clarice é chama contínua entre os amantes da palavra. Obrigado, meninos.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Congresso Brasileiro sobre o Canto e a Arte de Maria Bethânia: 45 anos de Palco ( 2010)

( foto retirada do site Maricotinhaa's)

Congresso analisa relevância da obra de Maria Bethânia
Para comemorar os 45 anos de inserção contínua de Maria Bethânia nas artes musicais e cênicas do Brasil, o Fã-Clube Rosa dos Ventos Bahia, realizará em 2010, precisamente em 04, 05 e 06 de fevereiro, o Congresso Brasileiro sobre o Canto e a Arte de Maria Bethânia: 45 anos de Palco. O evento tem o intuito de desenvolver reflexões sobre a cultura brasileira a partir das muitas leituras estéticas da cantora santo-amarense, que servem como traduções das muitas possibilidades identitárias que temos como nação multicultural.
Maria Bethânia, além de ser uma das maiores cantoras do Brasil em todos os tempos, sempre esteve ligada a aspectos sócio-antropológicos do seu povo; sempre se alimentou esteticamente da musicalidade, da religiosidade, dos saberes, das danças, da poesia, que nasce no âmago do Recôncavo baiano, e também, é tradutora de um país enraizado nesta tradição luso-afro-brasileira.
Para desfiar discussões científicas em torno da cultura musical da cantora e as suas identificações, alguns nomes de intelectuais de ressonância nacional, já aceitaram a empreitada, entre eles: o sociólogo Milton Moura, a dramaturga Aninha Franco, o poeta Jorge Portugal, o compositor Jota Velloso, a professora mineira Lúcia Castello Branco, Leila Name, o músico Roque Ferreira, entre outros que estarão analisando a importância desta artista para a preservação da memória cultural do diverso povo brasileiro.
O congresso abarcará 45 anos de história da canção no Brasil, no que foi noticiado, registrado, gravado, filmado pela singularidade da artista em questão. Acontecerá em Salvador e é dirigido ao público em geral.

Equipe Rosa dos Ventos

Assessoria de comunicação: Marlon Marcos ( jornalista DRT-BA 2235)
Contatos: (71) 8107-4693//(71) 8749-5595