quarta-feira, 29 de abril de 2009

Da água que envergonha a sujeira


Eu trago em mim a essência do que concentra a vida, transposta a morte, lava, limpa. A bebida da iluminação, teor da clarificação de dentro para fora; purificação; oxigenação contra o ar apodrecido das gentes matando-se-nos no afã das falsas conquistas...Trago o elemento que desliza rompendo com fúria e paciência e passando, batendo e furando rochas e signos da destruição incerta que nos torna desumanos e arquitetos da maldade.
Trago o refresco do mundo como espada e escudo - minha mãe, meu pai- e me faço o sentido que busco: uma certa paz criativa.
Quando o que me habita borbulha, a justiça divina prepara-se dentro da Natureza e renova o mistério da vida humana neste planeta: o divino sempre me salva. Este elemento que sou eu envergonha e pune com a doce água, vital para a vida, os degetos venenosos e as impurezas desmedidas na garganta dos meros ofensores...
Trago o translúcido verde-azulado rodeado do branco leitoso absoluto: sou-me água marinha e meu lugar não é aqui! Estou de passagem. Vivo de passagem a tremeluzir a luz que nasce Deus. Sou-me o pedaço terrestre do oceano e minha mãe é Iemanjá e meu pai é Oxalá e eu navego a sabedoria que me vem deles. Uma certa paz criativa. Um pouco de luz solar. Poesia.
Sou-me a água dessalinizada dentro do copo, rodeada de azul, e pronta para matar a sede de quem do mundo faz sevícia. Iyá Lodê Omin Epa Babá.

Nenhum comentário: