domingo, 27 de abril de 2014

Mãe Zulmira de Nanã

( Foto Fafá M. Araújo)


Zulmira de Santana França, conhecida como mameto Zulmira de Zumbá, acarinhada de mãe Zu, é uma das mais antigas sacerdotisas do candomblé brasileiro em atividade. Possui 73 anos de iniciação, e 63 como liderança maior no Unzó Tumbenci, em Lauro de Freitas,

Mas o seu exemplo como Iyá não é e nem pode ser quantificado. É a qualidade e o amor pelos orixás, o domínio sério, o carisma profundo, que fazem dela um nome vivo a ser sempre bem recordado.

Essa senhora consegue fazer candomblé com rigor litúrgico sem perder a doçura maternal, então, sem perder a poesia.

Uma rainha vestida de poesia, floreada de carinho e que nos ilumina de sabedoria e fé...

Filha dileta de Nanã - nossa grande mãe!

Majestosa Amorosa Iyalorixá...

Da Bahia!!!

Eu queria que fosse uma anti-palavra

(Foto de Fafá M. Araújo)

Eu queria que fosse uma anti-palavra, mas que desse sentido, que trouxesse nobreza, ventasse e alcançasse o coração de duas mulheres.

A anti-palavra em busca de sentido deveria existir também para promover silêncio, e, na forma de prece agradecer pela fertilidade da lama e pelos raios que cortam as manhãs e trazem alvorecer.

Este dia tem a ventania de Oyá no branco luzidio de Oxalá serenando a alma. E Tempo deu tempo para que as vozes cantassem a realidade sagrada de uma dama do candomblé baiano, ao lado de sua filha, representando o mais profundo que nós negros nos demos na ideia de civilidade: fé e complexidade, a beleza como religião.

Este dia comunga gratidão admiração movimento. O movimento das águas salgadas que me dão inspiração e me trazem para o centro desta alegria de, junto com tantas vozes, celebrar a Iyá Jaoci, a mameto Zulmira, a gamo de 73 anos de iniciação que dignifica, para dentro e fora dos instantes, a história do candomblé no mundo...

Este dia comunga também com outro princípio de sabedoria: a que  aprende jovenzinha ensinando a mãe que também é filha; este dia de brisa na voz do cantor, ao violão da mulher, é o fruto do amor que deu vida a Iyá Coilê, a filha-mãe Zó. É dia do branco marcado no segui, respingado de azul, trazendo para a roda a determinação do Pai Menino que Guia.

É dia de esperança. A que se confirma nessa hora de tratar nossos sacerdotes e sacerdotisas com o respeito e a reverência que mesmo sendo grandes, nunca serão o bastante diante dos legados deles que nos germinam a fazer desta religião baluarte em nossas vidas.

Obrigado, mãe Zu

Obrigado, mãe Zó

Às senhoras, a minha contínua gratidão!!!
Do seu filho,

Adê Okún

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Lançamento do livro Sob a égide das águas:escritos jornalísticos sobre candomblé


Crônicas jornalísticas que versam sobre candomblé são lançadas no formato pocket livro pela Editora Kawo- Kabiyesile

Uma reunião de 38 crônicas publicadas no Jornal A Tarde, pelo jornalista e antropólogo Marlon Marcos, intitulada Sob a égide das águas, será lançada no dia 25 de abril, às 19 horas, na Loja Katuka – mercado negro, versando sobre aspectos culturais e religiosos que marcam a importância do candomblé para nós brasileiros.

Sob a égide das águas, escritos jornalísticos sobre candomblé, é uma publicação da editora baiana Kawo- Kabiyesile,  a partir de uma reunião de crônicas no Jornal A Tarde, entre os anos de 2006 e 2013, todas utilizando como tema uma das expressões das chamadas religiões afro-brasileiras que, na Bahia, chamamos de candomblé. O livro traduz-se em 37 textos, sendo a maioria publicada no Caderno Opinião, no qual o autor colaborava como articulista. Outro texto fora publicado no site de notícias, do importante jornalista baiano Victor Hugo, o Bahia em Pauta, que é uma louvação ao Dois de Julho, e aos senhores deste dia, os Caboclos.

A publicação vem no formato pocket e destina-se a fazer duas homenagens, uma específica, e outra geral. A primeira, homenageia mãe Zulmira de Nanã, suprema sacerdotisa do Unzó Tumbenci, e a sua filha biológica Dizorida Santana, ekedy deste terreiro, conhecida como mãe Zó, ambas mães espirituais do autor, que é filho do Tumbenci. A segunda, vai para o povo de santo brasileiro, em especial da Bahia, com alusões a nomes como gaiaku Luiza de Cachoeira, a mãe Stella de Oxóssi, a mãe Carmélia de Oxaguian, a mãe Menininha...

O prefácio da obra foi escrito, em um texto magistral, pelo jornalista baiano Claudio Leal, hoje radicado  na cidade de São Paulo.

O textos tratam de um conteúdo sagrado versado de um modo poético; cantam orixás, sacerdotisas e sacerdotes, e retém o propósito de se parecer como textos líquidos, lembrando a força das águas tão importante para os praticantes do candomblé. Oyá, Nanã , Tempo, Iemanjá, Oxaguian, Odé, Xangô, Caboclos, circulam neste livro que além de ser uma obra de cunho jornalístico, se utiliza de algumas categorias antropológicas somadas à Poesia, para alcançar a expressão almejada. O livro recebeu as belíssimas ilustrações do multiartista André de Jesus( Deko) e a fota da capa é de Grazzi Collyer.

O lançamento no dia 25 de  abril de 2014, às 19 horas, na fina loja Katuka- mercado negro, contará com o show homenagem do cantor Carlos Barros, e o violão de Marília Sodré, entoando cânticos para mãe Zulmira e mãe Zó. Também, a especialíssima participação de Virgínia Rodrigues, filha do terreiro Tumbenci, cantando a capella, uma canção para o orixá Nanã. O livro será vendido por 20 reais.

Serviço
Evento:  Lançamento do livro Sob a égide das águas, escritos jornalísticos sobre candomblé
Autor: Marlon Marcos
Editora: Kawo- Kabiyesile
Dia: 25 de abril, das 18:30  às 21 horas
Local: Katuka- mercado negro// 71 – 3321-0151
Preço sugerido: $ 20,00

Maiores informações:
Raphael Cloux ( editor da Kawo)  71 – 9232-1051
Entrevistas:
Marlon Marcos ( autor) 71- 8749-5595// 8107-4693

domingo, 20 de abril de 2014

Como hilda hilst





Que se possa sempre renascer à luz do desejo de se tornar um ser melhor. Do nosso jeito, aproximemo-nos da poesia que nos fascina e impele. Sejamos clareza sem apartar as dúvidas; tenhamos ternura pelo mundo e encontremos o amor que nos constrói para além da noção de sorte.


{ tomo uma imagem como se fosse a pintura de um sonho: idealizo tinta e palavras, dando o colorido que me cabe, navegando a Páscoa que devo almejar. pinto fora da linguagem, rabisco em imitações minhas daquilo que nunca saberei imitar. seguro um livro, visto versículo, da profeta hilda hilst celebrando o encontro. quase azul na palavra sem desgaste, esta, toda poesia rastreia o nome de alguém que se quer amar.}

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Gabo


Morre um construtor de sonhos e me faltam palavras: o azul do céu da Bahia, em alta claridade hoje, me traiu, não era alegria. Mas a morte dele também não é tristeza, é celebração em nome do seu legado literário e luta a favor da humanidade.

Morre o homem Gabriel, fica o mítico e eterno Márquez: o que me fez roubar várias frases do Amor nos tempos do cólera para transformá-las em poética para o amor que tanto queria; me fez brigar e discutir com amigos, calar ouvindo suas interpretações sobre dois livros: Cem anos de solidão, O amor nos tempos do cólera.

Fico abatido porque eu e amigos vivemos e existimos anos em nome destes dois livros. Eu toquei na porta da sua casa, na deslumbrante Cartagena, lhe agradecendo!

Senti suas lições de linguagem sem aprender sua maestria: mas senti a sua imaginação, muitas vezes, masculinamente, respirando com a respiração dele no seu texto literário.

Agradeço à LITERATURA, não por me fazer dominar forma e conteúdo, nem dominar  esta língua que tropeço escrevendo e falando, mas por me dar criatividade, me dar sonhos e, muitas muitas muitas vezes, afugentar minha solidão, me ensinar a existir sem as elaborações forçadas da tal ciência em teorias inatingíveis; à Literatura por me fazer circular entre o dito e não dito e escrever pelas entrelinhas, fruto do meu raciocínio somado ao meu sentimento emoção.

Gabo me foi assim: grande literatura, mas, ainda maior, grande diversão a favor de sonhos e da ilusão amorosa que ainda me persegue.

Choro altivamente e altivamente me despeço deste Mago!


Vá com asas, grande mestre e dê um abraço em Dorival Caymmi.

Sonho meu


E a voz de Nana entoando Só Louco, para Dorival Caymmi, no Farol da Barra, no dia 30 de abril de 2014!

P.S. Sonho meu: participação especial de Maria Bethânia.



daqui eu dessinto a reclusão
me atraio para mim mesmo
me convido a contemplar
o céu azul claríssimo
desta cidade caótica
e me espelho ao mar
de todos os santos
navego no meu barco desejo
do outro lado da baía
onde seria
ele não está.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

minha Mãe e meu Pai: obrigado por eu ter CORAGEM!

E não  é nem de matar ou de morrer. É de viver!

terça-feira, 15 de abril de 2014

Agradecendo a Dorival Caymmi




Não tenho condições de construir um busto, de fundar um teatro, criar uma Fundação, bancar um show com as vozes de Nana Bethânia Gal Virgínia Rodrigues; nem talento para lhe escrever um poema...Mas existe blog, o facebook, o twitter e a minha imensa gratidão ao senhor por ter me ensinado a gostar de ser baiano, a ver a beleza maior na simplicidade, a imaginar as ganhadeiras nos anos 30 mercando, a sentir o cheiro forte das nossas ruas e ter sonhos lindos com a paisagem humana mais linda da Terra...

100 anos - Patriarca!

Seu legado é fundacional - nenhum político lhe faz sombra - o senhor é verbo em movimento re- criando continuamente esse mistério que a gente gosta de ser e que chamam baianos.

Dorival Caymmi - cenas tangíveis das infinitas possibilidades de um lugar, e mais que tudo: cenas da vida em bem estar.

Bravo, patriarca!


Eu lhe agradeço adormecido como o seu João valentão!

Cachoeira de mim



Por ser água
mesmo que salgada
eu também sei ser
cachoeira.


( meu Pai me ensinou)

domingo, 13 de abril de 2014

Do peixe



Tendo-me à fartura desse instante
na leveza constante da sua proteção
entre a vontade de mergulhar e sumir
e a de estar aqui a escrever...

Escrever meus sonhos de beleza
com delicadeza e fé
ora instigando o silêncio
ora cantando versos
para o amor

em mim
em Ti
no mar.

Ora realizando
sob a barra da sua saia
alimentado de peixes
em verde e branco

sendo-me eu
azul difuso
nos caminhos
deste mundo.

sábado, 12 de abril de 2014

Melhor é ser

Conquisto a quem deve ser conquistado. Divulgo e imprimo nas asas do vento a cara dos que amo e admiro... Sou água em movimento ajudando a mim e a outros a ser.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

terça-feira, 8 de abril de 2014

Biilie Holiday, 99 anos!




Pra mim, ela é a maior cantora do mundo de todos os tempos.
Nada me é mais triste e ao mesmo tempo mais bonito.
Seu canto alonga minha melancolia,
Mas me leva também para a casa do amor.
Além de ser linda,
Esta mulher foi um gênio reinventor
Da canção no planeta Terra.

Amanheço para fazer uma saudação,
Para me achar em agradecimento,
Para dar bom dia neste 7 de abril de 2014;
São 99 anos de

Billie Holiday

e que o mundo sacuda poesia
e a memória humana não esqueça
a enormidade desta artista.

Lady Day, 99 anos!

domingo, 6 de abril de 2014

Do livro Sob a égide das águas


1. Mãe Zulmira de Nanã ( Newgwa)

2. Marlon Marcos  ( Poeta e Jornalista)

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Marlon Brando, 90 anos!



Ele é ícone, sim!
Seria bem óbvio se tudo estivesse só na beleza...
Apesar de ser pós-lindo, Brando é uma espécie de alma para o cinema no mundo.
Um mito traduzido não em Apolo; mais Dionísio e bem Exu.

90 anos da tal eternidade...

Nome que, em mim, durará enquanto eu durar.

Marlon Brando,

uma herança pra mim.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Para Dorival Caymmi



Guardo-me na perenidade deste aprendizado. Não foi escolar. Aparenta mitificação banal, ou mero personalismo. Mas não. Figura na intensidade de me perceber pertecendo e mais que intensidade, em mim, é a minha necessidade de pertencer.

E é fácil nas paisagens que ele emoldorou em canções, versos, em texto múltiplo, em silêncio... Ali, eu pertenço. E aprendo a querer a preservar a minha vocação popular coletiva, espraiada pelas duras, mas coloridas, ruas da minha vida de soteropolitano. À beira da minha Baía. A Bahia que não sai de mim.

Meu coração cantarola o que a voz não pode não sabe. Apego-me à alegria de poder agradecer. De querer que comemorem, numa forma de síntese, a inventidade negro-mestiça baiana que a obra sem par deste homem revelou ao mundo. Meu peito pronuncia: mestre. Minha pieguice grita: patriarca. A grandeza sussurra: Caymmi.

Eterno aprendizado que me dura a vida. Banho-me nesses mares, refresco-me de orgulho e fé frente aos versos erguidos para minha mãe Iemanjá. E sei da Salvador que nunca existiu e é toda linda naquelas canções. E sei da Salvador que existiu e é toda linda naquelas canções. E sei da Salvador que poderíamos...

30 de abril de 2014 e ele fará 100 anos. Por mais que a burrice não queira, que a falta de memória viole, que a truculência de qualquer política evite, a sua presença é corpo marítimo da nossa história. Marca indelével para nos afirmar e para nos negar nesse pedaço Salvador - Recôncavo...


Não posso sair do estado de poesia: seguro no violão que não toco, disperso em sonoridades que não emito; mas, imaginariamente reverente e agradecido... Esta trajetória individual que se tornou coletiva para os humanos que entendem a imprecisão de se nascer baiano à luz negro-azulada luso-africana e indígena, inventada nas ruas num tempo, em que um valentão esculpia a beleza amalgâmica e rara da Cidade da Bahia.