domingo, 27 de abril de 2014

Eu queria que fosse uma anti-palavra

(Foto de Fafá M. Araújo)

Eu queria que fosse uma anti-palavra, mas que desse sentido, que trouxesse nobreza, ventasse e alcançasse o coração de duas mulheres.

A anti-palavra em busca de sentido deveria existir também para promover silêncio, e, na forma de prece agradecer pela fertilidade da lama e pelos raios que cortam as manhãs e trazem alvorecer.

Este dia tem a ventania de Oyá no branco luzidio de Oxalá serenando a alma. E Tempo deu tempo para que as vozes cantassem a realidade sagrada de uma dama do candomblé baiano, ao lado de sua filha, representando o mais profundo que nós negros nos demos na ideia de civilidade: fé e complexidade, a beleza como religião.

Este dia comunga gratidão admiração movimento. O movimento das águas salgadas que me dão inspiração e me trazem para o centro desta alegria de, junto com tantas vozes, celebrar a Iyá Jaoci, a mameto Zulmira, a gamo de 73 anos de iniciação que dignifica, para dentro e fora dos instantes, a história do candomblé no mundo...

Este dia comunga também com outro princípio de sabedoria: a que  aprende jovenzinha ensinando a mãe que também é filha; este dia de brisa na voz do cantor, ao violão da mulher, é o fruto do amor que deu vida a Iyá Coilê, a filha-mãe Zó. É dia do branco marcado no segui, respingado de azul, trazendo para a roda a determinação do Pai Menino que Guia.

É dia de esperança. A que se confirma nessa hora de tratar nossos sacerdotes e sacerdotisas com o respeito e a reverência que mesmo sendo grandes, nunca serão o bastante diante dos legados deles que nos germinam a fazer desta religião baluarte em nossas vidas.

Obrigado, mãe Zu

Obrigado, mãe Zó

Às senhoras, a minha contínua gratidão!!!
Do seu filho,

Adê Okún

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