(Foto de Fafá M. Araújo)
Eu queria que fosse uma anti-palavra, mas que desse sentido,
que trouxesse nobreza, ventasse e alcançasse o coração de duas mulheres.
A anti-palavra em busca de sentido deveria existir também
para promover silêncio, e, na forma de prece agradecer pela fertilidade da lama
e pelos raios que cortam as manhãs e trazem alvorecer.
Este dia tem a ventania de Oyá no branco luzidio de Oxalá
serenando a alma. E Tempo deu tempo para que as vozes cantassem a realidade
sagrada de uma dama do candomblé baiano, ao lado de sua filha, representando o
mais profundo que nós negros nos demos na ideia de civilidade: fé e
complexidade, a beleza como religião.
Este dia comunga gratidão admiração movimento. O movimento
das águas salgadas que me dão inspiração e me trazem para o centro desta
alegria de, junto com tantas vozes, celebrar a Iyá Jaoci, a mameto Zulmira, a
gamo de 73 anos de iniciação que dignifica, para dentro e fora dos instantes, a
história do candomblé no mundo...
Este dia comunga também com outro princípio de sabedoria: a
que aprende jovenzinha ensinando a mãe
que também é filha; este dia de brisa na voz do cantor, ao violão da mulher, é
o fruto do amor que deu vida a Iyá Coilê, a filha-mãe Zó. É dia do branco
marcado no segui, respingado de azul, trazendo para a roda a determinação do
Pai Menino que Guia.
É dia de esperança. A que se confirma nessa hora de tratar
nossos sacerdotes e sacerdotisas com o respeito e a reverência que mesmo sendo
grandes, nunca serão o bastante diante dos legados deles que nos germinam a
fazer desta religião baluarte em nossas vidas.
Obrigado, mãe Zu
Obrigado, mãe Zó
Às senhoras, a minha contínua gratidão!!!
Do seu filho,
Adê Okún
Nenhum comentário:
Postar um comentário