Morre um construtor de sonhos e me faltam palavras: o azul do
céu da Bahia, em alta claridade hoje, me traiu, não era alegria. Mas a morte
dele também não é tristeza, é celebração em nome do seu legado literário e luta
a favor da humanidade.
Morre o homem Gabriel, fica o mítico e eterno Márquez: o que me
fez roubar várias frases do Amor nos tempos do cólera para transformá-las em
poética para o amor que tanto queria; me fez brigar e discutir com amigos,
calar ouvindo suas interpretações sobre dois livros: Cem anos de solidão, O
amor nos tempos do cólera.
Fico abatido porque eu e amigos vivemos e existimos anos em nome
destes dois livros. Eu toquei na porta da sua casa, na deslumbrante Cartagena,
lhe agradecendo!
Senti suas lições de linguagem sem aprender sua maestria: mas
senti a sua imaginação, muitas vezes, masculinamente, respirando com a
respiração dele no seu texto literário.
Agradeço à LITERATURA, não por me fazer dominar forma e
conteúdo, nem dominar esta língua que
tropeço escrevendo e falando, mas por me dar criatividade, me dar sonhos e,
muitas muitas muitas vezes, afugentar minha solidão, me ensinar a existir sem
as elaborações forçadas da tal ciência em teorias inatingíveis; à Literatura
por me fazer circular entre o dito e não dito e escrever pelas entrelinhas,
fruto do meu raciocínio somado ao meu sentimento emoção.
Gabo me foi assim: grande literatura, mas, ainda maior, grande
diversão a favor de sonhos e da ilusão amorosa que ainda me persegue.
Choro altivamente e altivamente me despeço deste Mago!
Vá com asas, grande mestre e dê um abraço em Dorival Caymmi.
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