terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

dica

como querer ser só corpo

nada de querer ser saudade.

aos "aquarianos"

eu tenho me assustado com os "aquarianos" - estes inscritos no terceiro milênio: muita brutalidade, excesso de vaidade, hierarquias absurdas, intolerâncias, manipulações, esconderijos,farpas, agressividade, violação do direito de ser... pra não falar da tal da inveja, do racismo massacrante, da falsidade...


parece que fico boiando neste tempo entre o tédio e o cansaço. vários pontos e eu em silêncio. trago para aqui porque me dói na pele, e sinto saudade do século retrasado, no qual eu não vivi. sinto saudades do tempo medieval, da pré antiguidade, da minha natureza animal...saudades,

a esses aquarianos e aos outros que não sabem nem o que fazer. marcados pela grande leveza; uma tal leveza eu quero crer... me assusta. me faz rir. mas perdoar é lição. como o filme philomena. como eu dançando ao som do badauê. como respirar. como cortar o pão. como. comer então esse tédio que é pura preguiça. e eu digo sim.

e também digo não. 

como sereia



passeios entre sonhos e água,
o rio que é mar
o mar que sou eu.

a dança da menina
o corte da lâmina
luta deste eu
que segue
vigora.

eterna canção
na voz da sereia
aportada em mim.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

MB




eu  deveria evitar palavrórios para não macular a finura deste dia.

deveria me furtar das ocupações e sendo só ouvidos e memória:

escutar seu canto olhar suas fotos pensar o impossível sonhar...

assim é esta trajetória que anima e apaixona: “faíscas no palco”.

um rosto passado a limpo e mãos que falam olhos que cortam

invadem asseguram afastam: muitos símbolos...

mulher franzina pequena semi negra grave altiva baiana

dona da beleza que exprime raridades

um ser de verdade que a arte inventou...

uma canção para multidões mas o coração ensina:

escute-a sozinho ou acompanhado de mais um.

sua voz aciona a emoção e faz amar.

aquela força que é a guardada delicadeza

para a certeza de quem soube onde chegar.

um vento que não cessa e sobre reservas

domina o cancioneiro de um país

espalha poesia para um país

transborda-se entre humana e divina

se nos colocando no centro da fruição.

diva dos pés descalços  caipira;

doutora dos alumbramentos;

instrumento humano de devoção

a favor da educação para efetivar belezas...

mulher manancial que espelha

que reflete sonhos e

rasga a realidade.

tantos anos do coração explodindo

e a gente sem saber o que dizer

como agradecer ou acompanhá-la.

luminosidades discretas ou ardentes

ela está como corpo perene

cantando na minha imaginação.

acarinho aquele sorriso e silencio

já são palavras demais...

quero somente o som da voz

da estupenda cantora que alvoreceu

na caminhada dos anos: quase 50!

e pirraçando os que ainda não acreditam

e de inveja fingem cansaço

ela,

diluindo cinco décadas:

só está começando...

Marlon Marcos,
Montevidéu, 13 de fevereiro de 2014




terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

fitando-nos

desse lugar repouso
recolho asseguro

o estar como retorno

o teu olhar a
fitar-me sonhos

que quero
sonhar agora

aqui


depressa.


Montevidéu, 12 de fevereiro de 2014

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Do tempo

isso do tempo passar é ruim,
mas o tempo não passar
é terrível

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

A grande beleza





Penso sobre o que seria a grande beleza. A única certeza é que ela reside no que a gente alcança de mais simples, não é erudito, relaciona-se com sentimento, e pousa na ideia de coração.

Pode ser o amor por outro. Mas não se faz só nisso: a grande beleza é ter algum sentido contínuo e saber vencer o tédio, e poder contar consigo...
A grande beleza é o coração batendo, você no centro da sua saúde, frente ao susto do envelhecimento, mas se vendo sábio e oportuno: ainda querendo o mistério da vida.

A grande beleza é saber receber e saber ofertar... Agradecer, no específico, o dom da criação ( todos têm) e ouvir a tal canção que lhe sustenta.

Ouvi Trem das Cores – azul que é pura memória de algum lugar. Ouvi a voz romana de Caetano Veloso – esse homem cinema.
Abraçado ao Rio, ao calor, ao mar... Bebendo e fazendo pose para brindar o esquecimento.

A grande beleza está aqui. Eu me escrevendo. Inscrito em adorações. Refrescado na boa ação de poder sair do meu lugar, do cotidiano, do sem transbordo.

A grande beleza é poder amar sem precisar amar, necessariamente, somente a quem nos ama. A grande beleza é este lugar que me embriaga e que me pertence sem eu saber por que...

A roda da voz do cantor outrora franzino, fazendo sonhos na minha maneira de desejar...

A grande beleza é azul e triste; mas é azul e alegre; é azul tão somente.
Venta com o cheiro de Iemanjá – a mãe está. A grande beleza é poema para a poesia a qual insisto encontrar.

Hoje é o Leme – antevejo a mão da escritora tocando o mar e louvando, sem saber, a energia que comanda o nosso ori, a nossa loucura... Esse nosso jeito de exercer a beleza que escapa, às vezes, muitas, a este mundo.


Rio, 30 de janeiro de 2014