Penso sobre o que seria a grande beleza. A única certeza é que
ela reside no que a gente alcança de mais simples, não é erudito, relaciona-se
com sentimento, e pousa na ideia de coração.
Pode ser o amor por outro. Mas não se faz só nisso: a grande
beleza é ter algum sentido contínuo e saber vencer o tédio, e poder contar
consigo...
A grande beleza é o coração batendo, você no centro da sua
saúde, frente ao susto do envelhecimento, mas se vendo sábio e oportuno: ainda
querendo o mistério da vida.
A grande beleza é saber receber e saber ofertar... Agradecer, no
específico, o dom da criação ( todos têm) e ouvir a tal canção que lhe
sustenta.
Ouvi Trem das Cores – azul que é pura memória de algum lugar.
Ouvi a voz romana de Caetano Veloso – esse homem cinema.
Abraçado ao Rio, ao calor, ao mar... Bebendo e fazendo pose para
brindar o esquecimento.
A grande beleza está aqui. Eu me escrevendo. Inscrito em
adorações. Refrescado na boa ação de poder sair do meu lugar, do cotidiano, do
sem transbordo.
A grande beleza é poder amar sem precisar amar, necessariamente,
somente a quem nos ama. A grande beleza é este lugar que me embriaga e que me
pertence sem eu saber por que...
A roda da voz do cantor outrora franzino, fazendo sonhos na
minha maneira de desejar...
A grande beleza é azul e triste; mas é azul e alegre; é azul tão
somente.
Venta com o cheiro de Iemanjá – a mãe está. A grande beleza é
poema para a poesia a qual insisto encontrar.
Hoje é o Leme – antevejo a mão da escritora tocando o mar e louvando,
sem saber, a energia que comanda o nosso ori, a nossa loucura... Esse nosso
jeito de exercer a beleza que escapa, às vezes, muitas, a este mundo.
Rio, 30 de janeiro de 2014
Um comentário:
Marlon,
Adorei este formoso texto, elaborado com uma genialidade de um futuro grande mestre da poesia como você.
Postar um comentário