terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

A grande beleza





Penso sobre o que seria a grande beleza. A única certeza é que ela reside no que a gente alcança de mais simples, não é erudito, relaciona-se com sentimento, e pousa na ideia de coração.

Pode ser o amor por outro. Mas não se faz só nisso: a grande beleza é ter algum sentido contínuo e saber vencer o tédio, e poder contar consigo...
A grande beleza é o coração batendo, você no centro da sua saúde, frente ao susto do envelhecimento, mas se vendo sábio e oportuno: ainda querendo o mistério da vida.

A grande beleza é saber receber e saber ofertar... Agradecer, no específico, o dom da criação ( todos têm) e ouvir a tal canção que lhe sustenta.

Ouvi Trem das Cores – azul que é pura memória de algum lugar. Ouvi a voz romana de Caetano Veloso – esse homem cinema.
Abraçado ao Rio, ao calor, ao mar... Bebendo e fazendo pose para brindar o esquecimento.

A grande beleza está aqui. Eu me escrevendo. Inscrito em adorações. Refrescado na boa ação de poder sair do meu lugar, do cotidiano, do sem transbordo.

A grande beleza é poder amar sem precisar amar, necessariamente, somente a quem nos ama. A grande beleza é este lugar que me embriaga e que me pertence sem eu saber por que...

A roda da voz do cantor outrora franzino, fazendo sonhos na minha maneira de desejar...

A grande beleza é azul e triste; mas é azul e alegre; é azul tão somente.
Venta com o cheiro de Iemanjá – a mãe está. A grande beleza é poema para a poesia a qual insisto encontrar.

Hoje é o Leme – antevejo a mão da escritora tocando o mar e louvando, sem saber, a energia que comanda o nosso ori, a nossa loucura... Esse nosso jeito de exercer a beleza que escapa, às vezes, muitas, a este mundo.


Rio, 30 de janeiro de 2014

Um comentário:

Hugo Gonçalves disse...

Marlon,

Adorei este formoso texto, elaborado com uma genialidade de um futuro grande mestre da poesia como você.