quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Lígia ( 2ª versão)

Buarque


Rio


Daqui do Rio para o Rio (Viva 2010!)
E para Zaca.
Eu nunca sonhei com você
Nunca fui ao cinema
Não gosto de samba
Não vou a Ipanema
Não gosto de chuva
Nem gosto de sol
E quando eu lhe telefonei
Desliguei, foi engano
O seu nome eu não sei
Esqueci no piano
As bobagens de amor
Que eu iria dizer
Não, Ligia, Ligia
Eu nunca quis tê-la ao meu lado
Num fim de semana
Um chope gelado
Em Copacabana
Andar pela praia até o Leblon
E quando eu me apaixonei
Não passou de ilusão
O seu nome rasguei
Fiz um samba-canção
Das mentiras de amor
Que aprendi com você
Ligia, Ligia
E quando você me envolver
Nos seus braços serenos
Eu vou me render
Mas seus olhos morenos
Me metem mais medo
Que um raio de sol
Ligia, Ligia
tom jobim/chico buarque




Águas 2010/Saúde Sorte Amor Paz

Oxalá
Iemanjá

"Há sempre um lado que pesa
E outro lado que flutua".
Otto
Pela leveza que me habita e me faz suportar este peso que também é meu.
Por novos dias naquilo que mais acredito: esperança azul e branca.
Viva o símbolo 2010 dentro da minha inspiração e movimento.
Flores e Sereias; Lugares e Águas; Pessoas e Mar.
Eu sou o melhor de mim.

pra celebrar mais um fim e mais um início


o peixe tinha molho de manga e alcaparras,
só pra lembrar:
a vida são essas farras!
entre doce_salgado,
leve_pesado
amanhã_passado
e no meio do furacão de tudo,
entre manga e alcaparras,
sua risada. suas asas.
só pra lembrar:
a vida são essas pausas...
Karina Rabinovitz

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Maçalê








Eis o encontro que gerou um dos melhores CD's elaborados no Brasil no ano de 2009. Terá seu lançamento nacional e oficial , celebrando o melhor de nossa música, em 2010. Trata-se de Maçalê, do cantor e compositor Tiganá Santana, expoente que se revela à música construindo raridades sonoras para nossa existência; para nossa experiência musical em luxo. Hoje, 29 de dezembro, Tiganá Santana faz 27 anos em saúde, talento, disciplina e eixo espiritual - um exemplo a ser, por mim, seguido e descoberto por todos que amam a boa música. Maçalê é excelente e dignifica nossa audição. Falarei muito deste trabalho neste blog e em outros lugares que me derem espaço. Rumo a 2010!








segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Baixo-astral

Ferreira Gullar
NÃO QUE ele pensasse em se matar, mas, se a vida tivesse outra porta, sairia por ela aquela tarde. Era uma tarde de sábado, iluminada de sol, o que o deixava ainda mais arrasado. Nada pior do que um dia lindo, se a vida não parece ter sentido.Olhou para os móveis da sala: quatro poltronas, uma mesa de centro, uma estante e outra mesa menor com o telefone. Pensou: tanto faz estar aqui, agora, como não estar mais, já que esta sala estaria assim mesmo, quer eu tivesse morrido ou ido à esquina comprar jornal. Se ao menos o telefone tocasse e alguém lhe dissesse alguma coisa, qualquer coisa. Até mesmo uma má notícia. Melhor uma notícia má que nenhuma. Mas não, o telefone parecia mudo para sempre, como se já ninguém morasse ali. Na casa dos mortos o telefone não toca mais, pensou. E decidiu sair dali, antes que se atirasse pela janela.
Desceu pelo elevador, cruzou o hall e chegou à rua, por onde passavam grupos de pessoas de calção e maiô, rumo à praia, que ficava a uma quadra e meia de sua casa. As pessoas, na sua maioria, conversavam alegremente e riam, como se vivessem uma outra existência, que não a dele. De onde tiram essa alegria?Não entendia por que a vida se havia tornado tão destituída de sentido. O mundo estava alegre, cheio de sol, a brisa que vinha do mar brincava nas folhas, era uma festa. A festa que o animava outrora e que, agora, parecia-lhe uma irrisão.Sem destino certo, foi caminhando, pois isso era a única coisa que conseguia fazer: andar, andar à toa, porque, se se mantivesse parado, como estava dentro daquela sala, alguma coisa terrível ocorreria, ou ele temia que ocorresse.O melhor mesmo era andar sem rumo, porque, para isso, não precisava buscar razões, já que não encontrava razão para coisa alguma. E assim foi andando, sem razão e sem rumo. O vazio pesava sobre ele com o peso que o nada tem.A avenida junto à praia escancarava-se à luz da tarde. Lá adiante, a faixa ampla de areia branca reluzia como uma espada.
Gente e barracas coloridas derramavam-se por toda a extensão da areia.Foi então agredido por aquela alegria externa a ele e que, de fato, nada lhe dizia. Caminhava junto aos prédios, cuja sombra o protegia do sol.À porta da garagem de um deles, uma mendiga, aboletada entre dois sacos imundos, cheios de latas e pedaços de isopor, ocupava-se em costurar um pano imundo, que parecia uma blusa. Feliz de quem encontra sentido em costurar um pano sujo. As coisas só têm o sentido que lhes atribuímos, não importa se é um trapo achado no lixo. E seguiu em frente, sem se deter, porque um homem se aproximava puxando dois cães de aparência feroz pela coleira. Eles ladravam e ameaçavam avançar sobre as pessoas. Afastou-se sem pressa, quase indiferente à fúria dos animais.Adiante foi despertado de sua encucação por um casal de jovens, que o abordou sorridente. Eram de São Paulo e queriam ser fotografados em frente ao Copacabana Palace. O rapaz entregou-lhe a minúscula máquina fotográfica, postou-se abraçado à companheira. Batida a foto, os dois agradeceram a gentileza e se foram, enquanto ele continuou seu caminhar sem destino.Ao chegar à esquina da rua Prado Júnior, depois de muito andar, parou um instante para descansar um pouco e se deu conta de que, no edifício em frente, há muitos anos, morara uma artista plástica, que costumava reunir amigos em seu apartamento, ali, no oitavo andar, para lhes mostrar seus trabalhos.
Tornara-se, mais tarde, um nome internacionalmente conhecido.E agora, quem moraria no apartamento? Algum dos filhos ou uma família desconhecida, que nada sabia do que ali se passara? As paredes não guardam nada do que se vive entre elas; só na mente das pessoas o passado persiste, pensou e cruzou a rua noutro tempo que aquele em que caminhava.Ia em direção ao Leme e, por isso, decidiu parar. Haveria lembranças demais dali para adiante. Atravessou as pistas em direção ao calçadão até defrontar-se com o panorama de areia e mar, onde o presente o inundou. Uma lufada de sol e brisa trouxe-o do fundo de si para o fervilhar da vida, da agitação vesperal que ocupava o mundo, onde ciclistas, crianças, moças, meninos, gente de muitas cores e tamanhos circulavam, falavam, tomavam água de coco.
De novo o passado tentou se insinuar para outra vez lançá-lo no vazio e no desespero. Mas não conseguiu.Abriu a camisa, tirou os sapatos e, com eles nas mãos, caminhou sobre a areia frouxa em direção ao mar. O mar azul e atual, que o fez de novo sorrir para a vida, sempre recomeçada. Mar azul, barco azul, ar azul.
P.S.: Esta crônica foi publicada na Ilustrada, na Folha de São Paulo;me foi enviada, por e-mail, pelo amigo Cláudio Leal.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Elis para Serginho Guerra

Elis Regina

Ela é a voz maioral deste país. Possibilidade de identificações entre diversos. Técnica precisa numa emoção tempestiva: o canto mais criativo.
Elis, coisa de uma nação. Não é minha favorita.

***

Ele é meu amigo. Construto historiográfico preservando a memória, sendo parte da história, pensando-a serena e docemente mas, registrando-a na acuidade de quem chega, assim como Elis, para ficar. É professor da Federal de minha Cachoeira - fica entre poema, cervejas e escritos formais e é o menino, fruto delicado de um encontro que só a amizade pode afirmar.
Parabéns, meu amigo: 24 de dezembro! Navegue aqui neste blog - marca do meu estado alcoólico de poeta. Te amo.
E te peço: seja feliz!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Voo livre azul


Me inspiro a calar dizendo com os olhos que não vou por aí...
Tenho duas janelas, poucas certezas, muitas dúvidas mas, não vou por aí...
Sei o que devo, o que desejo, o que espero e peço merecimento...
Meu corpo trajado em azul à beira-mar ventando sob sol...
Dizeres diminutos de mim comigo mesmo...
Bons pensamentos e o melhor dizer:
Não vou por aí.
Me lanço livre de uma das janelas...
Vinde-me meu prosseguir...
Quero sossego para me abraçar neste tempo...
Jeito da vida dos surfistas,
Aqueles que sabem voar.
Calo inspirado pelo silêncio e o meu olhar em solturas...
Palavras já me bastam...
Minha amplidão é do tamanho do que percebo,
E assim,
Sou uma espécie de horizonte no século 21.

Cântico Negro

Maria



Bethânia







Este poema está registrado em Nossos Momentos, trabalho de Maria Bethânia, de 1982; a récita dela de Cântico Negro é definitiva na história fonográfica e teatral deste país. Publico aqui, para dizer que acompanho as palavras do poeta e a inflexão forte e agressiva da cantora pois, não sei aonde ir, mas sei que não vou por aí: tenha certeza disso!






De José Régio,
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí!
Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
José Régio, pseudônimo literário de José Maria dos Reis Pereira, nasceu em Vila do Conde em 1901. Licenciado em Letras em Coimbra, ensinou durante mais de 30 anos no Liceu de Portalegre. Foi um dos fundadores da revista "Presença", e o seu principal animador. Romancista, dramaturgo, ensaísta e crítico, foi, no entanto, como poeta. que primeiramente se impôs e a mais larga audiência depois atingiu. Com o livro de estréia — "Poemas de Deus e do Diabo" (1925) — apresentou quase todo o elenco dos temas que viria a desenvolver nas obras posteriores: os conflitos entre Deus e o Homem, o espírito e a carne, o indivíduo e a sociedade, a consciência da frustração de todo o amor humano, o orgulhoso recurso à solidão, a problemática da sinceridade e do logro perante os outros e perante a si mesmos.












































terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Mora Fuentes



" Intensidade. Era apenas isso, tudo o que eu sabia fazer".
MF

fragmentos hilstianos

Hilst
Muro

(I)
Muros longínquos
Na polidora esgarçada dos sonhos.
Tão altos. Fulgindo iluminuras.
Muros de como te amei: Brindisi.
Altamura
E muros de chegança. De querença.
Aquecidos. Anchos.
O tenro entrelaçado à tua fala:
Teu muro de criança.
...
(IV)
Muros intensos
E outros vazios, como furos.
Muros enfermos
E outros de luto
Como o todo de mim
Na tarde encarcerada
Repensando muros.
A alma separada de ti
Vai conquistar a chaga de saltar.
P.S.: Os versos são para desenhar, com alguma dor, a beleza que só a poesia traz. Quando é em verso só à de Hilda Hilst me devora. Desta intensidade numa linguagem cheia da energia mobilizadora das grandes paixões. 2010 será um ano dedicado ao branco, mas nunca poderei viver longe do vermelho que não sai de mim; ao menos nesta representação chamada paixão.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Voa Coração

Voa coração
Que a minha força te conduz
Que o sol de um novo amor
Em breve vai brilhar
Vara a escuridão
Vai onde a noite esconde a luz
Clareia seu caminho e acende seu olhar
Vai onde a aurora mora
E acorda um lindo dia
Colhe a mais bela flor
Que alguém já viu nascer
E não se esqueça de trazer força e magia
O sonho, a fantasia
E a alegria de viver
Voa coração
Que ele não deve demorar
E tanta coisa mais quero lhe oferecer
O brilho da paixão
Pede a uma estrela pra emprestar
E traga junto a fé
Num novo amanhecer
Convida as luas cheia, minguante e crescente
De onde se planta a paz
Da paz quero a raiz
E uma casinha lá onde mora o sol poente
Pra finalmente a gente simplesmente
Ser feliz.
Toquinho

Um sorriso marítimo para habitar a vida


Da maneira dos cuidadosos pescadores: silentes, atentos, reverentes, sonhadores, crentes, abençoados, ágeis, vívidos e inteirados em sua necessidade do mundo feminino. Homens segredados ao mar, docemente corajosos e mansamente vorazes. Graça, sempre e desatino, às vezes; homens filhos de Iemanjá - alimento contínuo que preserva a alma, fortalece o corpo, faz a vida vibrar em seus elementos da mais profunda beleza. Homens de suas sereias encantando-se-nos nessa saga solar de sorrisos e danças e lágrimas e faltas e brilhos e amor à beira-mar.
Um toque para trazer sentido.O sorriso marítimo de uma sereia criança, filha da Deusa Maior, para habitar eternamente o interior da gente. Sonhar só assim: no âmago da possibilidade. Odô Iyá!

Flores do Mais

Ana Cristina Cesar
Para esses dias sem medo e gente pedindo ao Universo proteção; poetiza, minha Ana, pede por mm:
devagar escreva
uma primeira letra
escrava
nas imediações construídas
pelos furacões;
devagar meça
a primeira pássara
bisonha que
riscar o pano de boca
aberto
sobre os vendavais;
devagar imponha
o pulso
que melhor
souber sangrar
sobre a faca
das marés;
devagar imprima
o primeiro
olhar
sobre o galope molhado
dos animais; devagar
peça mais
e mais e
mais.

Ausência

Vinicius

O trânsito nas cidades deste país, o horror diário de tantas mortes, o cotidiano descaso com a vida e gente indo definitivamente embora de modo absurdo e precoce.
Não quero falar disso; eu quero o sim da poesia de Vinicius ainda que doendo e viajar inteiro no sentido maior da vida que é tê-la em suas contradições; o excesso solar dos trópicos, um pouco de ressaca, as saudades boas e ruins, o cheiro de vida trazido pelo mar, leituras e entregas; quero sonhos erguidos da força do desejo que trago comigo, maneiras da fé e da esperança que não se cansam de mim: eu quero SIM. O poema do Vinicius:
Eu deixarei que morra em mim
o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Virgínia Rodrigues

Uma das mais singulares cantoras brasileiras é uma das maiores do mundo. Seu canto é o encontro exato entre a força de Ogum e a doçura aguerrida de Iemanjá, trazendo a paz ocasionada por Oxaguian. Eu adoro. Longe de ser difícil, como muitos afirmam, ouvir Virgínia é ir às instâncias secretas de nós mesmos; às vezes é o absurdo prazer perfilado pela beleza, outras, é dor cruel rasgada incômoda, mas centrada na mesma forma da beleza: a voz de Virgínia Rodrigues.

Reverência

Odô Iyá !







A água do mundo é um olho triste por calar
A água do mundo é não lembrar
A dona do mundo faz do alcance o seu
dizer,
Ter água no corpo é merecer.
Molhar é amar após
A mãe mostra o rio na foz
No pranto, eu me curvo à minha mãe.
A água obedece à função mítica do sal
A água da espera é universal
A água, em seu sopro, é o que erige o
Sonhador,
Quando a vida doa o sonho à dor.
Molhar é estender a mão
Minha mãe é minha condição
No parto, abençoo a minha mãe,
E me curvo à minha mãe
Mais do que lhe abençoo.
Tiganá Santana


P.S: Esta canção é, para mim, a primeira obra prima do talentoso Tiganá Santana. Traduz-me conduzindo ao lugar que mais gosto de estar: os centros aquáticos do mundo e da minha alma - de preferência os marítimos.

Escrita Terapêutica

"[...] Mas anota aí pro teu futuro cair na real: essa sede, ninguém mata. Sexo é na cabeça: você não consegue nunca. Sexo é só na imaginação. Você goza com aquilo que imagina que te dá o gozo, não com uma pessoa real, entendeu? Você goza sempre com o que tá na sua cabeça, não com quem tá na cama. Sexo é mentira, sexo é loucura, sexo é sozinho, boy. " Caio Fernando Abreu.
Anota aí: começo é medo, durante é a coisa, fim é catarse. Ao se ler o mundo num conto a gente se sente Deus e, às vezes, se cura. Literatura é isso de abrir e fechar feridas, dando dimensão divina a quem se anima a escrevinhar histórias. O fundo do abismo existe, mas de lá ainda se respira... Novas possibilidades virão. O chavão é certo e irrevogável: a vida continua.
Escrevo aqui para mostrar que sou SENSÍVEL, inteligente, criativo; para causar um certo impacto, me tornar menos inútil, me sentir vivo, me mostrar relativamente; mas, acima de tudo, escrevo aqui para me sentir acompanhado, acarinhado ou odiado, mas rodeado de alguns olhares que conferem a mim a epígrafe: " ele está aqui e escrevendo". Escrevo para me curar; sou minha melhor história. Escrevo para oferecer ao meu exterior as raras belezas que compõem as profundezas de mim, e ao ver as coisas assim, eu tenha vontade grande de continuar... Tenho formas toscas, conteúdos mil, deselegância...Mas sou-me a minha alma desnuda quando eu escrevo.

Chico Buarque: poesia ardósia nas páginas da Bravo


A foto aí em cima tá ruim! Mas a Bravo - edição especial de dezembro 2009 - está verde água azulada com um dos nossos mais amados patrimônios culturais: Chico Buarque de Holanda. Os artigos analisam a incursão literária do compositor carioca; suas peças de teatro, romances, crônicas, contos, enfim: as palavras em Buarque. Pra colecionar é tudo! Os textos trazem poucas novidades para quem ama e acompanha o autor de As vitrines - mas é Bravo e vale a pena passar uma tardinha quente, tomando cerveja e tendo à nossa frente os olhos de Chico emoldurando textos que dicorrem sobre sua arte. Corram.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Verão baiano

Porto da Barra

O sol bate na cara do mar: o verão se ratifica na Cidade da Bahia. Nessa Salvador que só tem sido o seu mar...


De uma fresta no tempo: o alcance

Vera Rocha

Era uma vez a menina abraçando sonhos. Escorrendo por dentro e por fora das possibilidades da vida. Menina sartreana ventilando suas asas entre o peso e a leveza de sua própria existência. É isso: era uma vez a menina Própria caminhando pelas esquinas do mundo a favor daquilo que se deve fazer. Menina vontade maior que destino. Espécie de sorte decorada de valores e trabalho.
Menina baiana universal singrando ruas em Berlim - em destaque sua cor real: o amarelo!
Era uma vez a dissertação; algo que chega sem tempo - nada de passado e futuro só presente - por isso que fica no rol íntegro dos clássicos. Menina em cafés alemães. Menina com etnologias reforçando recortes existencialistas. Menina do sol agreste deste país adaptada ao frio melancólico do mundo que traz realizações . A menina doce e segura amiga melhorando qualquer paisagem. Menina colega minha nessa difícil poesia - que nós adoramos - chamada antropologia. Nada mais pode ficar pra mais tarde. Menina que faz agora e nos banha de saudade.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Decisão

Olhava em sim
Falava em não
Voz certeira
Na audição do medo.
Era segredo e confusão.

Chegava bem cedo
E tão cedo partia.
Dançava sobre a grama do jardim
Quando se ia
Deixava a vida sem casa.

Dominava a natureza das cores
Como as flores - era beleza nos lugares
Diante daquela presença
Todos perante altares.

Força estridente do silêncio
Alameda do assombro
Morada da desilusão.

O que nasce para não ser
Não para o lado de cá;
Excesso de música
Para uma dança sem par.

Manancial da embriaguez
Promoção das vadiagens
Paisagem obtusa colorida
Falares faltosos - inverdade.

Olhava em sim
Falava em não
Desenhando o caminho
Único árido irrevogável;
Caminho do desapego
Desalinho da vontade.

Sem retorno
O olho do sim
A boca do não;
Sem a marca da coragem
A desértica decisão:
Adeus,
Nosso encontro é despedida.

Maria Bethânia: invasões no meu lugar

Maria

Aparto-me de mim na leveza de uma busca frutífera que nasce do sentido artístico do palco. Caminho descalço certo de encontrar o centro das muitas revelações e permanecendo em silêncio, agracio-me daquilo que ora água ora fogo me faz vicejar. Luz sobre os tempos da minha vida que amadurece; estou em frente ao movimento de uma paisagem quase humana que dança altiva serena severa docemente em escritos de uma cultura que sinto como minha. Ela brada seus ensinamentos numa inspiração ancestral - sua voz é o grave veículo que traz sentido, aponta norte, refaz caminhos, reitera, repete, insiste e assim, ensina. Brava dançarina do seu próprio desejo; mulher que desfia mistérios sendo o mais profundo de todos e é filha irmã amante amiga.

Aparto-me de mim solto no horizonte seguindo músicas e poemas; nada é tão distante e tão próximo deste meu eu desvelado: ela, espécie de culto entre carne e espírito, sagrado e profano, afago e agressão, fogo e água, expulsão e abrigo; paixão, entrega, inteligência, dúvidas, certezas, fé, amor, festa , recolhimento e, silêncio.

Aparto-me de mim com dezenas de canções na pele dominando o meu corpo, orientando meu gosto, me dando prazer. Cada nota no interno de mim revigora minha gustação da vida e eu sobrevivo da beleza dela. Nela meus instantes são criativos desenhando encontros da alma. Nela eu sou civlizatoriamente invadido e apreendo o criativo da palavra gerando possibilidades.

Uma saga sonora de dramas que me rasgam. Aprendi a amar ali e sofro quando o tema saudade desagua dela. Ela, inteira. Ela, intensa. Ela, nítida. Eu, quase.

Meu lugar não é meu mas meu abrigo é a sua voz. Réstias de muitas identificações - meu sonho azulado de menino - com as quais me recrio e me obrigo a expressões que me leve a uma vida mais verdadeira, ainda que muito solitária.


terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Cachoeira, Gal e Gilberto Gil: baratos totais (!)

Gal
Huntologi em Cachoeira ( Casa de Luiza de Oyá)

Mestríssimo Gil



Os olhos e o coração voltados para lá: lugar do Rio Paraguaçu, da Festa da Boa Morte, de Gaiaku Luiza, da negrada jeje-nagô deste país... Manhã desejosa da voz de GilGal em Barato Total - a vida ofertando delícias; canto sublime de uma mulher na poesia insigne de um compositor cantor do mundo partindo do Recôncavo baiano. Estou numa confusão que é o puro acerto. Quando a gente está contente nem pensar que está contente a gente quer... A vida é uma senha para o prazer e a gente ouve do sentir felicidade a grandeza misteriosa de respirar inteiro a nossa existência.
Estou nos agudos de Gal sonhando com Cachoeira, uma coisa poema de Damário da Cruz, sendo todos orquestrados por Gilberto Gil. Queria ter o dinheiro de Wall Street e, produzir um show de Gal e Gil em Cachoeira; tirar Gal do casulo e fazê-la inebriar a Bahia com um repertório anos 70 e 2010... Gil cantando e acompanhando o instrumento humano Gal. Garantia de poesia e os olhos se ofertando à minha paixão por alguém que vem daquele sonho profundo e lindo de cidade. Bom dia Cachoeira, Gal e Gil, amanheci na companhia de vocês.

Márcia Short e basta!


Antropólogo cobra reconhecimento para Márcia Short. Foto:Karina Zambrana/Divulgação


Marlon Marcos

Existe uma coisa nesta cidade que está longe de ser saudosismo. É vivacidade, luz criativa do presente musical de alguém que tem história e que conta história como poucos.
Seu nome é Márcia Short. A voz surgida da Axé Music que muito nos traduz. Ela não é uma cantora da Bahia – é do Brasil. Ampla emissão que ecoa em nossos ícones, como Elis Regina. A moça, mãe de dois filhos, é luminosidade em seu canto potente, sua presença de diva, sua experiência de mulher negra na Bahia, filha de Oyá do Terreiro do Gantois, rainha em seu ofício de cantora.
Márcia é daqueles adjetivos que a gente simplifica e chama de magnânima. Se não estamos emporcalhados pelos ditames do novo mercadológico, estamos surdos e insensíveis quando não a consumimos e não a destacamos. Nós que parimos Maria Bethânia, Gal Costa, Virgínia Rodrigues e que emprestamos ao mundo o suingue criativo de Daniela Mercury (ventilação absoluta no nosso desgastado Carnaval) e Margareth Menezes – força negra reluzente na Bahia das musinhas brancas… Sobre isso, prefiro não comentar.
Ouçam e divulguem Márcia Short. Não tem segredo. O Maranhão deu ao Brasil Rita Ribeiro. A Bahia esconde de nós mesmos e deste país, Márcia Short. Não estou falando do que já passou, ou da Banda Mel. Falo de uma cantora gigante, linda, expressiva e inventiva. Uma cantora que põe platéias inteiras para cantar, dançar e chorar felizes e, sem dramas, relembrar de “velhos” repertórios ratificados como clássicos no brilho de beleza desta filha de Mãe Cleuza de Nanã.
Não aceito como musa o engodo comercial Cláudia Leitte. E ver calada, sem espaço mercadológico, a voz de Short, rejeitada pelo discurso racial enrustido: quem vende o carnaval baiano são as louras, mesmo que a música seja periférica e de matriz negra na capital baiana.
Márcia é uma das maiores cantoras brasileiras. A Axé Music revelou o seu potencial. Mas ela canta este repertório com maestria e vai além muito desta classificação; é um tipo mais contemporâneo de Baby Consuelo, orquestrando, ao lado de Daniela Mercury, o melhor que a musicalidade do Carnaval baiano pode imprimir na gente.
Acordem mídia e baianos, neste verão, todas as segundas-feiras, às 20h, na Praça Pedro Archanjo, no Pelourinho, Márcia faz festa atiçando nossas memórias e nossos corpos. E quem for lá, comprovará o presente desta estrela aqui em questão. Alcançará a beleza daquela mulher mágica musical neste estado Bahia. Verá a poesia em retrospectiva e ouvirá um dos cantos mais gostosos deste Brasil.
Chega de tanta injustiça, se é para classificar Márcia como cantora regional, que ao menos em nossa região, durante o Carnaval, ela ocupe o lugar que é seu de direito, por talento e experiência: a melhor voz que se empresta a esta festa popular, constatada como a maior do planeta Terra.
Acordem! Márcia vive e canta na Cidade da Bahia.


Marlon Marcos é jornalista e antropólogo.


( Retirado do Mundo Afro, portal do A Tarde online, de Cleidiana Ramos).

O sujeito encarnado


Serviço:

Evento: lançamento do livro "O sujeito encarnado - a sensibilidade como paradigma ético em Emmanuel Levinas".

Autor: Prof. Luciano Santos

Local: Palacete das Artes Rodin Bahia

Dia: 17 de dezembro ( quinta-feira) de 2009, às 19 horas

Endereço: Rua da Graça, 284, Graça

Entrada Franca ( o livro será vendido por 35 reais)


domingo, 13 de dezembro de 2009

Cidadezinha qualquer


Cachoeira
Drummond, Copacabana, Rio de Janeiro

Cidades entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.


Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.


Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.

Carlos Drummond de Andrade


sábado, 12 de dezembro de 2009

Fome de afeição


Delicado como a palavra em Keats.
Visto de olhos fechados e,
Perdido à luz do dia.
Entremeia os espaços agudos do corpo
E o silêncio profundo da alma,
E cala boca abre peito
Enquanto um ri
O outro chora
Mergulhado em doçura e sedução.
Formas do dessentido
Que vem no prazer das mãos.
Mundo imaginativo e vencido
No calor daquele abraço.
Tudo achado num sorriso
E perdido pelas intempéries do tempo.
Saga de uma boca amante em silêncio
Ávida por afeição batendo à porta,
Entrada do desencontro.
Cenas de poemas infindos
Na réstia dos escritos por John Keats.

Sofisticação


Em mim uma manhã calorenta com feição de falta, jeito de discórdia, fortes descobertas, pouco desejo, preguiça funcional, sem música mas com poemas, imagens mil, aquela fantasia, rezas, flores, aulas e amor. Isso de me reconhecer cotidiano e de sobreviver às minhas rotinas: como dói. Tenho um acordo com a fama, mas o que mais quero é o meu próprio abandono, intenso silêncio, isolamento. Filosofia máxima de Greta Garbo; a obscuridade de rostos sem nome - quero cheiro de gente simplesmente: um coração batendo, a vida levando sem perguntas, roupas sendo meramente lavadas, conversas banais e pesando mesmo, só a ânsia e a luta pela sobrevivência. Quero o mais simples de mim. Tão levemente respirar...
Uma manhã para cá bem dentro e eu dito por resolução. Desse meu medo de só existir e eu que tanto existo só e não me concebo fora disso. Tenho as imagens de muita gente em meus falsos carnavais. A turba barulhenta; coisas que ficaram para trás. Sorte no destino: coincidências familiares - encontros consanguíneos, presença do pai! Manhã inteiramente anti-festiva e eu não me nego a este luxo. Que a tristeza traga inspiração e nos meus fragmentos, mais que dor, persista criatividade.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Centelhas femininas da arte em minha vida

Clarice Lispector
Maria Bethânia

Billie Holiday


Rota da inspiração: recortes da cena música poema movimento força transcedência bem estar pensar flores silêncio dor solidão paixão rasgo mundos espaço vazio livros cinema cores água vento fogo terra pluma sexo idas sumiço lamento realização...
Eis estas mulheres ventando força e sentimentos sobre mim. Ventando idéias que preciso fazer acontecer. Momentos de sagração do corpo para a alma: o âmago de tudo que desejo está ali. Voz descrita na escritura de mil cantos - e eu no branco do papel lindo ansiando versos feito oração e conclamando meus sentidos para estarem no quente do desenho criativo que guardo em mim atiçado pelas tintas mágicas da arte daquelas mulheres assim,
Eu, o pioneiro e o último desbravador das trilhas existenciais dos símbolos Marlon Marcos.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Clarice Lispector: 89 anos


Clara


Sempre existem sensações novas no âmbito da linguagem. De lá, ou daqui, o humano se reinventa e ressurge em suas vastas possibilidades de configuração, representação, de estar entre luz e sombra, vida e morte, corpo e alma, poder, é isso, poder de ser nas linhas e entrelinhas esculpidas na terracota da linguagem.

Da matéria ser em recriações vive o escrevinhador. Dos seus escritos refaz-se nossa imaginação e apreendem-se imagens que vencem da ignorância à solidão - e neles também, os escritos, existem a contínua humanização da qual não podemos escapar. A mente é instrumento para a movimentação da dialética, quando bem cheia, deve ser esvaziada, ao contrário, vazia, deve preencher-se de faíscas artísticas, de letras reluzentes, de palavras. Palavras - alimentos cozidos pelo talento de grandes literatos.

Em 10 de dezembro de 1920, nascia para o mundo Clarice Lispector. Nosso maior escritor. Dessa saga em mistério e sabedoria, de exposição e bruta solidão, um mito se construiu... eternamente recontável e cheio de lições de vida e de cores à espera da morte. Um mito postulado em teses acadêmicas, mas que tem força na esfera simples do mais simples dos leitores. A escritora em seu formato de mãe amante mulher perfilando seus não-lugares e ampliando, com sabor, esse mistério profundo que é existir.

Festa para Xangô


quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

De mim para mim



"Eu não vou gostar de você porque sua cara é bonita
O amor é mais que isso
O amor talvez seja uma música que eu gostei e botei numa fita
Eu não vou gostar de você porque você acredita
O amor é mais que isso
O amor talvez seja uma coisa que até nem sei se precisa ser dita".
"Vozes queridas, vozes ideais
daqueles que morreram ou
daqueles que estão
perdidos para nós, como se mortos".
"Você desconversa, você pode tapar o sol
E me desconcerta
Deixando o meu sangue sem sal
Você atravessa o sentido de cada sinal
Que eu mando de dentro do azul
Desse amor que é só seu afinal, só meu afinal
Tão forte querendo eu me multiplico por mil
Você não está vendo há uma coisa que é você e eu
Que brilha no espaço no tempo no céu e no chão
Que arde mesmo aquém e além
Desse jeito de eu dizer que sim e você que não
Um dia você vai voltar
Como numa canção do passado
Dizendo que fui muito burra
Em não atender ao chamado".

Márcia Short canta nas segundas de janeiro: imperdível


Talvez nós tenhamos um carnaval 2010 mais arejado. A grande Márcia Short está se preparando para revisitar o melhor do repertório da Axé Music nesses 25 anos e com seu peculiar vocal, nos fará gozar em lágrimas e risos e agradecidos por podermos ainda dançar. A prévia acontece todas as segundas, às 20h., na Praça Pedro Archanjo, no Pelourinho, o ingresso custa 15 reais, o show é Axé Acústico: lindíssimo! Beleza rara nesta que é uma das cantoras mais precisas do nosso país.
E pra mim, que amo a voz de Short, ainda mais cantando baladas românticas, segue a letra de Amor em Órbita:

Da saudade o que mais sei
O teu amor é o que mais tenho
Um beijo a posse eu vejo
E o mundo é o que desejo
Voado alto o sentimento(2x)
Água da vida
Molha, beija venha cá
Canta no peito
Sara a ferida
Deixa está, saber amar, venha cá
O mundo cresce com o nosso amor em órbita(2x)
Partha / Oscar Torres







segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Do mítico feminino europeu










Sereias são símbolos da Dinamarca. Fascínio: mulheres do poder absoluto entre o alimento do corpo e a fruição da alma. Compósitos do mistério e da imaginação humana. Elas existem. São perigosamente cantoras. Lança de muitos desejos que habita etereamente o fundo do mar. Poesia que deslinda segredos e nos faz criar. Silêncio: o mar calmo da Bahia, a Lua em luz soberana em uma noitinha nos lugares daqui; brisa sacralizando o momento; a vida sem tempo num frescor desmedido da beleza e elas dançam e cantam, são amálgamas da deusa iorubana Iemanjá.

Festa no Mercado


Sem licença a ninguém, sem isso a Bahia é impossível.