terça-feira, 5 de março de 2013

Cartagena




Um caminho para o inesquecível. Um alento chegando pelos olhos como a força universal da cura. Uma mera procura frente a tanto encontrar. Muralhas que aprofundam o sentido da prisão, mas que são pura beleza em liberdade. Com vista para o mar. Passear sem procedência da gente, o conforto preservado da arquitetura histórica, as cores vivas negro-latinas, o sotaque sensual espanhol, as moças, os rapazes, ai Cartagena.

Tanta água circundando que não haveria como não ser: inesquecível. Cenário de um livro imperdível.  Filmes autorais rodando na mente e no coração. Janelas apontando delícias, sorrisos nativos orgulhosos, sabores alimentícios, sabores d’alma, vontade de flanar em pés, charretes e asas. Vontade de me abraçar abraçando o todo do lugar, sentindo o cheiro daquela cidade.

Paisagem que vi quando em mim eu fui feliz. Amigos pertinho chupando picolé. Negras nossas ancestrais ofertando frutas. Dança da mistura que só faz bem. Cidade culpada pela cura do susto desnecessário que levei. No mundo, uma cidade, para mim, fora do mundo, ou fora de tudo, ou fora do que eu não queria mais ver, nem  ter, nem saber... A liberdade!

Ponte sensual para o azul marítimo caribeño e a língua me barrava,  mas eu seguia. O sol sobre o pensamento, a consciência de que a vida vale; o sonho em entretenimento, rabiscos sem sentido no caderno, fotos a desejar. Mas eu estava lá. Contando com amigos e comigo. Sem desperdício, cuidando do melhor que posso dar: o amor que mora em mim.

Casamentos a toda hora... Encontros com Marlon Brando, São Sebastião, Fernando Botero, Gabriel Garcia Márquez, até Bel Borba... A voz da prima de Firmina Daza me dizendo: “ é feio e triste, mas é todo amor”. Bebel me mostrando a “Casa do doutor Urbino’. As flores nas praças. As igrejas e os bares. A música que é Cuba, é a Colômbia, é o Brasil. E Bob nos guiando pelas ruas que ele também desconhecia. O afeto coordenando nossas divergências.

Alguém que vi de passagem. Outro rosto da cidade estrangeira. Meu riso entre os dentes a aflorar numa partida televisiva de futebol. Madonna e Beatles estavam lá. A língua como barreira, a fruição estética que é física, que é corpo, que é vida. Bebida é cerveja em qualquer lugar.

A lua que se exagera.

Em Cartagena, cada canto me lembrou do anseio desmedido que eu tenho de me fazer feliz. Sem medo de me enfrentar, sem receio de sair do lugar, de viajar para onde me dizem que é impossível!

Nenhum comentário: