E quase me liberto do
barulho do lado de fora. Quase não penso em passado nem em futuro. É tudo
presente sem vacilo, mesmo em conflito, não há vacilo na força do desejo que
está. Um vento artificial incomodando o meu olhar sobre as colinas, sorrisos
alheios que não me tocam, corpos dançantes que não me convidam, o desconforto
das multidões na sanha da alegria desmedida.
O meu olhar me ensina a
viajar dentro deste instante, a ir para fora das lembranças e a deixar de
esperar momentos vindouros. É agora o que mais queria, quis, quero: agora. E
vejo borboletas em azul e vermelho, em cinza e amarelo, sob o sol escaldante da
cidade. Não sei se é mais paz ou se é dor apaziguada, mas o meu pensamento
impede o barulho que outros fazem.
Uma festa se me
extermina e já não sei do que em mim seria se a vida desta vez me dissesse sim.
Navego no centro da noção
do agora e se ainda há tempo – o cais não se desfaz -, que eu me sinta
descansando a boca na boca desejada e, se houver palavras que sejam: preto, te
amo.
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