O mais desgastante para mim, em termos que refletem o carnaval, é ter que considerá-lo, à luz de Durkheim, que ele é Fato Social. Não quero teorizar sobre algo que, na minha cidade, agoniza e nos retira das vias do verdadeiro prazer. Hoje, é uma festa para turista que não viveu a espontaneidade e nem outras possibilidades de se fazer esta folia na Cidade da Bahia.
Não querer... teorizar é não me dispor de tempo a elaborar reflexões, citar autores ( arre!) e promover debates. Queria ( e ainda quero) estar fora da festa... Não sei onde encontrar a poesia que me animava nesta que foi a festa que mais amei na vida. É algo muito pessoal o meu desgaste com o movimento momesco de Salvador; e me dá alergia alguma elaboração ( minha ou alheia) que me acuse de saudosista, e insista em dizer que a festa dos camarotes e das cordas excessivas continua a ser a força cultural da Bahia.
Prefiro sentir o Rio Vermelho na madruga do Dois de Fevereiro e depois voltar para casa. Ouvir a cantora Stella Maris singrando sua própria sonoridade, conversar com amigos, banhar no Porto( se não fosse no Circuito), ler coisinhas, tomar cervejinhas, me aliviar de mim mesmo.
Esquecer é razão de bom senso: permite alguma reinvenção e nos faz abrir-nos para outro tempo que coexiste com os “velhos” dentro da gente. Carnaval é matéria do passado que aponta o meu envelhecimento, mas aponta também a seletividade que chegou e me obriga a querer mais dos momentos em que busco ser feliz nesta vida.
Pelos amigos: verei a Mudança do Garcia, talvez olhe Daniela Mercury passando, não sei... Meu amigo jornalista na cidade, em sua exuberante inteligência, trabalhando e se divertindo, fazendo-me rir, me deixa ficar em Salvador...Façamo-nos companhia e eu ainda continuo em combate... Verinha e Adriana me trouxeram, nesta terça, a Luís Caldas... Fecho os olhos, cantarolo Gil, que ali estará: mistério sempre há de pintar por aí.
Para quem gosta: maravilhoso este carnaval. E Deus é conosco!
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