(Mãe Zulmira, atual sacerdotisa do Tumbenci, filha de Marieta Beuí)
A história conta que Maria Silvana Muniz, nascida em
Canavieiras no ano de 1887, fundou seu terreiro em 1936, tornando-se uma das
mulheres mais respeitadas da Quinta das Beatas, hoje conhecida como o bairro Cosme de
Farias, na cidade do Salvador, promovendo assistência social e cuidando com
afinco e relevância de cultos dedicados aos inquices do candomblé
congo-angola.
Dona Maria Silvana Muniz ficou mais conhecida como Marieta
Beuí, nobre filha de Matamba e Inkossi, iniciada por Olegário Vicente de
Araújo, filho do inquice Luango, e que tivera sua iniciação feita pela lendária
Maria Neném ( Maria Genoveva do Bonfim), expoente maior das narrativas que
ilustram a sedimentação dos rituais congo-angoleiros na Bahia e no Brasil.
Falar de Marieta Beuí é trazer à tona um importante nome
sacerdotal, ligado a uma nação de candomblé que ainda é esquecida e mal
estudada pelos especialistas; é mal noticiada pelos jornalistas e, muitas
vezes, negligenciada por muitos irmãos que praticam o candomblé, mas pertencem
a outras nações, como o ketu fundamentalmente.
Como se tornou um costume entre filhos e netos espirituais de
Maria Neném, Marieta Beuí chamou seu terreiro de Unzó Tumbenci, fundando- o em
1936; na Quinta das Beatas, ela se configurava como uma espécie de negra do
Partido Alto, produzindo iguarias em casa e vendendo na comunidade, assim ela
garantia o cotidiano sustento de 16 pessoas, para além do custeio das festas
ligadas à obrigação com seus inquices. Adotou mais de 5 crianças e era uma
liderança que se destacava, na época, entre outras como Joana de Tupy, Júlio do
Brongo, Margarida de Zazi e, um pouco depois, Cecília do Bonocô.
Ela morreu em 1951. Legou como herança espiritual o cargo de
mameto kwa nkisi para sua filha de Zumbá, Zulmira Santana, conhecida como Jaoci,
que até hoje é a grande sacerdotisa do Tumbenci, situado em Lauro de Freitas,
na Bahia.
A história de Marieta Beuí, como de tantas outras, deve ser
contada, noticiada a favor da preservação da memória do nosso candomblé que não
se restringe a uma nação.
( Publicado do Opinião, Jornal A Tarde, em 23/09/2013)
2 comentários:
A benção meu irmão em Iemanjá!
Tudo bem consigo?
Me felicito junto contigo pelos textos do blog.
Gostaria de te fazer um pedido, se possível: que me enviasses o calendário dos ritos públicos da casa de Mãe Zulmira.
Grato desde já,
Paulo (paulo.omilayo@gmail.com)
Maceió-AL
Postar um comentário