terça-feira, 24 de setembro de 2013

Nos caminhos da mameto Marieta Beuí

(Mãe Zulmira, atual sacerdotisa do Tumbenci, filha de Marieta Beuí)


A história conta que Maria Silvana Muniz, nascida em Canavieiras no ano de 1887, fundou seu terreiro em 1936, tornando-se uma das mulheres mais respeitadas da Quinta das Beatas, hoje conhecida como o bairro Cosme de Farias, na cidade do Salvador, promovendo assistência social e cuidando com afinco e relevância de cultos dedicados aos inquices do candomblé congo-angola. 

Dona Maria Silvana Muniz ficou mais conhecida como Marieta Beuí, nobre filha de Matamba e Inkossi, iniciada por Olegário Vicente de Araújo, filho do inquice Luango, e que tivera sua iniciação feita pela lendária Maria Neném ( Maria Genoveva do Bonfim), expoente maior das narrativas que ilustram a sedimentação dos rituais congo-angoleiros na Bahia  e no Brasil. 

Falar de Marieta Beuí é trazer à tona um importante nome sacerdotal, ligado a uma nação de candomblé que ainda é esquecida e mal estudada pelos especialistas; é mal noticiada pelos jornalistas e, muitas vezes, negligenciada por muitos irmãos que praticam o candomblé, mas pertencem a outras nações, como o ketu fundamentalmente.

Como se tornou um costume entre filhos e netos espirituais de Maria Neném, Marieta Beuí chamou seu terreiro de Unzó Tumbenci, fundando- o em 1936; na Quinta das Beatas, ela se configurava como uma espécie de negra do Partido Alto, produzindo iguarias em casa e vendendo na comunidade, assim ela garantia o cotidiano sustento de 16 pessoas, para além do custeio das festas ligadas à obrigação com seus inquices. Adotou mais de 5 crianças e era uma liderança que se destacava, na época, entre outras como Joana de Tupy, Júlio do Brongo, Margarida de Zazi e, um pouco depois, Cecília do Bonocô.

Ela morreu em 1951. Legou como herança espiritual o cargo de mameto kwa nkisi para sua filha de Zumbá, Zulmira Santana, conhecida como Jaoci, que até hoje é a grande sacerdotisa do Tumbenci, situado em Lauro de Freitas, na Bahia.


A história de Marieta Beuí, como de tantas outras, deve ser contada, noticiada a favor da preservação da memória do nosso candomblé que não se restringe a uma nação.

( Publicado do Opinião, Jornal A Tarde, em 23/09/2013)

2 comentários:

Paulo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Paulo disse...

A benção meu irmão em Iemanjá!
Tudo bem consigo?
Me felicito junto contigo pelos textos do blog.
Gostaria de te fazer um pedido, se possível: que me enviasses o calendário dos ritos públicos da casa de Mãe Zulmira.
Grato desde já,
Paulo (paulo.omilayo@gmail.com)
Maceió-AL