Tudo muito lentamente, ainda assim, alguma
dificuldade para respirar. Um sol lá fora escaldante, sonhos em brisa aqui por
dentro. À espera de Bethânia, com o brilho de Laila Garin/Elis Regina guiando
minhas impressões pelas ruas do Rio de Janeiro. O lance é conjugar arte e
talento e me principiar em realizações, sem tantas sacanagens alheias em tantas
auto-sabotagens minhas. A escrita que me alivia no desejo, mas me alicia na
qualidade. Também vou, sempre, contra o vento. Dias do sagrado ócio numa fala
para a antropologia e meus relatórios do desprestígio... Retorno ao canto voraz
de Bethânia para fazer letra no esconderijo da entrelinha.
Digo publicamente só
para mim. Imagem de olhos fílmicos refletida no Paraguaçu - e eu,
sorrateiramente vazio, sozinho, pensamento nele, cantarolo o tema de Macabéa,
calçadão de Copacabana, entre Calcanhotto e Bethânia, nasço para o ser que não
sou e nunca fui e remonto-me em alegorias antropológicas.
É o deserto do insucesso. A poesia do respingo
necessário como migalhas que aborto. Falta de vento frente d'água. Sem saudade
do que sou. Sem Salvador na alma. Só os olhos fílmicos na morada sem casa. Nada
como pertence.
Canto da águia - voz meio agonia: renascimentos há cinquenta
anos. Eu musgo, mudo de mim, perplexo com o talento da menina quase rica que me
chamou de muito pobre, arremedou o inglês que nunca tive, criticou minha
cafonice e, maravilhosa, conquistou a Globo, curou-se, talvez, dos danos
familiares seus. Minimizou a mãe e ampliou o pai... Melhor: orfanizou-se.
Viajar é bem mais longe quando fazemos
descobertas... Nada me retira daqui: visão multicolorida entre saber fazer bem
e nunca ter tido como fazer...
Digo só para mim à luz do Facebook - porque mesmo
intra-interpretado, quero forçar leituras e imaginários sobre um dos de mim
que, mesmo sem dizer, precisa ser lido e deveras compreendido como o dia que
precisa anoitecer.
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