segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

MB (2)

(Foto Karina Zambrana)



A ventania trouxe o corpo que tem a voz como asas. Entrecortes sonoros da orquestra ampliando a cena. O canto fundamental em prol da integridade feminina. A Bahia como espiral que vai, que vem, que gira, que muda, além, sendo a mesma. Espiral que sintetiza o lugar dos lugares: a mulher xamã.

Voo sobre as folhas na dinâmica democrática de Oyá... O tempo no espelho. A mão apontando a vida dentro do espaço. O dessentido. O nítido e o imprevisto na tempestade da miúda presença. Presença imperial. Saia noutras vestimentas. A reprise. A nova musicalidade arrancada da sublime paisagem tão velha de conhecida. Entrecortes do impossível – a mulher na folha, cavalgando-se búfalo. Puro movimento.

Rasgar-se no que não passa. Eterniza-se no arrepio da pele. O agora para sempre. A que finge artista para consorte do mito. A verdade mais leal. Palavra. Medida da profunda beleza. Língua portuguesa rastreada de bantos e iorubás. Presença índia. Mulher negra. Cabelos como história. Portal para muitos significados.

Olhos e bênção. Cena madura pós-muda no som orquestral. Orixá chegando. Aguidavis. Chão percussivo numa seresta ancestral. A leoa ora trânsito. Águia transcendental. Fogo e água. Raio. Rios. Auge. Silêncio.

Brisa no mar. Ferocidade esquiva.

Rascunhos.

Quando ela intervalar.

Para voltar, destemida, a mesma que sempre será múltiplas no ser único que perfila. 

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