domingo, 6 de outubro de 2013

Antropologia da beleza



Faço sentido quando escrevo. É como se desenhasse imperfeições que me traduzem. Faço silêncio quando escrevo. É como se orasse do pensamento entre rotinas sagradas e profanas. Faço barulho quando escrevo: é como se gritasse. Um grito desiludido com o que assisto sem entender e sem saber explicar. Só não gosto porque me artificializa demais, adoça demais meu tempero que gosto mais sal que açúcar. 

Escrever é o dessentido que me faz viver para além da ordem de querer ganhar dinheiro, ou quem muito sabe, fazer outros sistemas com outros fetiches que garantem poder. Escrever me é a transformação que domino de mim para outrem, na língua que me obrigo a querer e com a qual recupero minha vontade de falar: para estar e para ser frente a essa máquina de artificialidades chamada humanidade... Centrado no que não me é humano também. Banhado na ilusão da escrita, sem o sentido dos fetiches capitalistas ou socialistas, indo desbragadamente ao encontro da beleza.

Faço sentido quando poesia erguida a favor de uma antropologia da beleza.

No resto: não estou e não sou. 

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