Faço sentido quando escrevo. É como
se desenhasse imperfeições que me traduzem. Faço silêncio quando escrevo. É
como se orasse do pensamento entre rotinas sagradas e profanas. Faço barulho
quando escrevo: é como se gritasse. Um grito desiludido com o que assisto sem
entender e sem saber explicar. Só não gosto porque me artificializa demais,
adoça demais meu tempero que gosto mais sal que açúcar.
Escrever é o dessentido que me faz
viver para além da ordem de querer ganhar dinheiro, ou quem muito sabe, fazer
outros sistemas com outros fetiches que garantem poder. Escrever me é a
transformação que domino de mim para outrem, na língua que me obrigo a querer e
com a qual recupero minha vontade de falar: para estar e para ser frente a essa
máquina de artificialidades chamada humanidade... Centrado no que não me é
humano também. Banhado na ilusão da escrita, sem o sentido dos fetiches
capitalistas ou socialistas, indo desbragadamente ao encontro da beleza.
Faço sentido quando poesia erguida
a favor de uma antropologia da beleza.
No resto: não estou e não sou.
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