quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Do menino que não sai de mim



Ele me habita ora desabrigado ora me abrigando.
É a minha face mais eterna.
Louva os desertos naqueles olhos deles
Que só sabem espelhar o mar.

Triste e sereno
Escrevinha horizontes para si
E para os outros ele mesmo.

Seu sorriso é ferramenta
E testemunho;
Sempre soube pouco da vida
Mas inscreveu-se nas maneiras
Do amor.

Um menino d'alma
Uma criança d'água
Um infante do ar.

Entre tanta esperança
Nesse silêncio daqui,
Ele vibra e grita
Acordes dissonantes
Por onde afina-se
Com a cor do dia
Do lugar onde nasceu.

Um negro azul
Na tez que embranqueceu.

O castanho dos olhos
Fulgura sua graça à sedução,
É o mimo lançado
Para quem conquista o seu carinho.

Menino de muitas paradas
No trânsito dos sozinhos:
A multidão o persegue.

E ele segue com o rosto
Da fotografia escondida
Sorrindo com esta brincadeira
Nomeada viver...

Venta porque ar
Adequa-se porque água,
E no labirinto da sua dor
Acha o caminho da felicidade
Porque se fez livre
E eternamente menino.


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