A palavra seria desalinhar. Rasuras
em cima do que já foi posto. Rasgos para fora das legitimidades escravizantes.
Outros lugares todos os dias. Parceria. Descosturar o conforto dos homens. Ser
por si para si sem se privar do amor que leva ao outro.
Dia de mulher é dia da humanidade.
Nada simples, mas cheio de ajeitadas respostas que podem ser mudadas, devem ser
mudadas, ou acordadas para um tempo que ainda não é. Mulher: entre o grito e o
silêncio... Como uma ausência saudosa Diva, e a altiva presença Zulmira a
perfilar histórias e mais histórias que nos fazem marcar a inutilidade de
coisas como “dia da mulher”, só para pedir respeito e direitos iguais. Com as
precisas e devidas diferenças entre os sexos: pelo sentido de Deus.
Nem dá pra fazer festa. É dia de
festa que se exerce lutando. Paragem nos discursos vazios e patrocínios toscos
estatais e carnavais querendo adestrar a fêmea na mulher...
Na maioria, mora a ideia do aconchego
e tem cheiro de chegança, aprendizado, participação, decisão, ternura,
agressividade, parcimônia, agilidade, transformação.
Nem precisa parir. Mas o mundo
nasce ali nem sempre marcado por união. E ela se vira no estreito do abandono e
desalinha as ordens machistas que negam seus sonhos, rascunham suas trajetórias
– a cada minuto por elas reescritas, mesmo ao barulho desta coisa semi festa
que é o dia da mulher.
A tigresa mais que o leão. Não se poderia
falar de mulher sem rastrear alguma poesia de poeta macho fêmea, sem sofisticar
clichês, sem saber saborear o dito o escrito o pensado e o fantasiado, porque a
verdade verdadeira é sempre invenção. Mulher é domínio pós cultura sem medo de
reconstrução... Tessituras onde até cabe a palavra coração – mas, por enquanto,
é desalinho.
É do feminino que brota a arte. A
arte agrada como o sexo: ambos, mistérios tão veementes como a fé. E nessa roda
jogam deuses e deusas, gnomos gays, fadas lésbicas, trovadores sem gênero, e,
poetas. Sexuados mutantes.
Mulher transforma erro em acerto
com a mão que afaga ou fere, constrói destrói, masturba-se, fecha o caixão.
Tem amazonas entre Lesbos e
Itaparica: todas com medo disto, todas para além disto...
O âmago é reinventar as soluções
que cruzam nossas histórias dentro desta extensão chamada complexidade, maior
que binômio homem mulher...
O âmago é saber que faltam motivos
reais para a festa, mas numa tsunâmica quantificação, a mulher em nós, nessa
coisa 8 de março, precisa de alfanje, e também, de abraço. Abrasantemente apertado.
Um comentário:
Parabéns, adorei o poema. Mulher é tão somente mulher e nesse somente cabe tantas e infindos detalhes de mulher.
Abraços!
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