terça-feira, 17 de junho de 2014

Maria Bethânia, 68 anos!



Ela se veste na elegância da sua própria caminhada. Desenha vigor e esperança quando canta e imprime possibilidades estéticas, às vezes, combatendo a ferocidade das críticas que se opõem às escolhas do que ela elege como expressão. É um mito em termos de coerência artística, uma voz para a pura fruição, mas que se qualifica a indicar caminhos culturais, educativos, humanos, que nos respeitam em nossas identificações como brasileiros.

Inventiva: uma senhora menina que faz hoje, dia 18 de junho, 68 anos, numa carreira de quase 50, marcando-se em reiterações e saudando o popular, o sublime escondido, a força negra e indígena que nos perfila como povo em diálogo com outros povos brancos ou quase brancos que chegaram a isso que temos e amamos como Brasil.

Nisso tudo: brota dela poesia, a busca por novas sonoridades, a alma cabocla brasileira, o sertão da lua ao som das violas, a palavra do português mais claro, a vontade de amar, a sede do amor, a paixão pelo palco, a missão de querer estar para simplesmente cantar o que advém do mistério das sereias, no nosso caso, do mistério das Iaras.

Tenho um sonho doce e edificante por ouvir Maria Bethânia nas duas últimas décadas - me pego a ler Sophia de Mello Breyner, Fernando Pessoa, Clarice Lispector, impulsionado pela vazão literária que nunca escapa da verve expressiva da cantora - uma das maiores vozes do mundo contemporâneo - sem vergonha de ser brasileira nascida no interior da Bahia entre o agreste e às águas do Recôncavo.

Uma presença que nos dignifica e humaniza pelos conceitos que opera em nome da sua verdade artística. Uma senhora sem medo da sua imagem de senhora. Simbolizando fé e otimismo em defesa da vida, da água, da folha, da sabedoria, da educação de todos aqui, e mais, como profunda diversão, da inserção da poesia como alimento diário dos corpos e das almas de qualquer brasileiro.

Controle de qualidade - doutora notório saber em teatro, literatura, música popular, antropologia, história e veracidade. Grande!

Um ente que a Bahia deu ao Rio de Janeiro e que, como brasileira, nos orgulha em qualquer lugar deste mundo.

Deus salve Maria Bethânia e mais luz à sua Oyá!

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