1977, em 09 de dezembro, na cidade do Rio de Janeiro, um dia antes de
completar 57 anos, morria a escritora Clarice Lispector. Legado literário
imensurável. Impressões profundas sobre a humanidade. Traços de um feminino que
me acompanha, me fascina, me orienta, me comanda. Segredos revelados, ela,
Clarice, foi e é a maior epifania artística da minha vida.
Eu sinto assim: “mas eu não sabia que se pode tudo, meu Deus!”, e rezo
desacreditando no impossível. Reluto a partir desta escritura marcada em
sombras e luz, cheia de vida.
35 anos de ausência presente no âmago da cultura brasileira. Retrato
pintando paredes, discursos teatrais, oralidade política, rezas noturnas,
textos acadêmicos, lágrimas no cinema, poema divino, à espera do beijo,
encontro com o amor, doença, morte, continuação... Um livro a traz assim: “Sentia
o mundo palpitar docemente em seu peito, doía-lhe o corpo como se nele
suportasse a feminilidade de todas as mulheres”. Para mim, como se suportasse a
humanidade de todos os humanos.
Clarice nunca morreu. Vívida naquelas palavras que furam a alma da gente.
Em lições de vida que não amainaram a sua dor. Ela, dona da solidão total.
Morreu para a vida de mito e artista que só faz se eternizar. Mito maculado,
mas arrolado entre a sofisticação e a ignorância que perfila o nosso país.
Canto contando as horas e sonhando como literatura. A que me faz escapar
de mim e da solidão, me reflete não sendo eu no meu eu mais profundo. Toco nela
no livro que agora abro e pergunto onde deixar a minha Macabea... 35 anos do que se foi como completude, a obra,
mas tendo muito a dizer.
Ardo de saudade e loto-me do que desaprendo para permanecer na delicadeza
que me deixa amar e querer assim... Clariceanamente,
Iemanjá e Sagitário.
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