São muitas as minhas sedes e nem as sei procurar. Tenho
deixado a vida seguir, a correr feito água abrindo caminhos por mim. Cada
relato é luz acesa e voz centelha me apontando como fluir. Estou sob o domínio
alheio dos olhos outros à fresta de uma árvore, obtendo a coragem para dizer
sim.
Nunca soube ter razão e é o quase o que mais me comove. Ouço
música para estar aqui. E filmes vejo para me abandonar; a leitura é a grande
emoção do sexo na alma como se na cama. Tenho visto coisas demais e abominado
as notícias. Quero a calma dos sábios na brisa dos dias dos desapegados. O amor
me tortura. Mas o que mais quero é amor. O silêncio é a escola mais eficaz.
Tenho como passatempo, pássaros à luz da minha imaginação. Reinvento com a voz
na cena alhures, pulando as dificuldades.
Digo absoluto para ser altivamente abstrato. Vivo desse
construto que fala demais, é palavrório demais e nada sabe. Minhas repetições
são inovações na tela da TV. Estou fora deste tempo para menos e para mais.
Retrato-me na pele alva da música, tatuagem no braço do rapaz.
Digo: aproxima-te! Tenho o verde dos mares, o branco das
nuvens ar e a camisa clara no azul de dentro de mim; tenho perguntas também,
mas a boca calada à espera do beijo que você tem que dar. Tenho a delicadeza
exata das mãos gerando prazer.
Aquele som me fascina. É o centro do seu segredo. Sombra e
luz: batuque guiando sentido ao coração. Página alusiva às festas nas florestas
quando suas mãos em fome. O som que me fascina no deserto instante que nos
encontramos sem saber – e é você me tornando música pura.
Nós jogados nas águas ferventes desta sede.
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