terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Ana Cristina Cesar


Para falar do que vive mais vivo que tudo por dentro. Sombra ensolarada pela palavra que devassa o íntimo. Um caminho entre doer tanto e serenar ao avesso. Falar da falta de porquê, das baixas temperaturas do eu nos trópicos, para desistir de si sem desistir e derreter no calor do amor que não cessa.
Mais que tudo, Ana Cristina, para calar. O olho vidrado na imagem viva dela e tantos versos soltos na solidão de cada um... Agora, é cada um.

Para falar do que não recomeça... Riso bruto no fastio profundo que figura o tempo de agora. E na estrada onde se lê aquela poesia, no que mais faz doer, cintila a liberdade porque o que mais se vê é a torrente vontade que desenha amor.Desenhos em vermelho. Cortes ao espelho devorando memórias. História do inaudito, ciúmes descritos, medo, inadequação...

Para falar aos bugres, aos ogros, aos duros, ao monstro cada um em nós, com a delicada poesia da menina que denuncia o nosso insucesso. Falar de flores e de cores e de amores em qualquer lugar e de qualquer maneira. Pronunciar um nome revelado em uma queda.

Estender os abraços do relato no corpo pedindo. Ver a estrela silente brilhando sem parar. Andar mais lento e ver o mar ainda mais perto. Para falar do descontrole emerso do medo de viver. Para acreditar, ainda que depois da morte, em tudo que se quis fazer dizer pedir entregar.

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