“Inês foi
cantar na areia
Num instante
sereia ela se fez”.
Ana,
Recebi, impactado, as notícias estéticas do seu novo
trabalho. Sempre sobre da sua grandeza como intérprete e dedicação ao melhor
que a música pode oferecer. Mas sabemos que não é só isso. Sabemos da importância
comunicacional da arte, da necessidade de transpor, de (re) inventar, se
intrigar e dizer. Como você, neste seu
show que apresenta seu CD inaugural, me disse, me emocionou, me comoveu!
Sua banda em afinação inteira com seu jeito peculiar e doce de se mostrar a
grande cantora que sempre foi. Este repertório tão velho e tão novo na foz da
absoluta qualidade.
Pergunto-me se esta cidade lhe merece nesta proposta
tão fundante num tempo em que estamos completamente desacreditados em Salvador?
Mas aí reside outro aspecto vital em seu fazer artístico: propor esperança e
mostrar que podemos vencer o desencontro genérico que se abateu sobre a gente soteropolitana. Tem educação no
seu trabalho e postura. Tem elegância fundida a critérios constitutivos para
anúncios deste tipo: Caetano e companhia deverão saber.
Da doçura que transa com nossa audição nos dando tanto
prazer. Da sua verdade em correções estilísticas dialogando com a encenação e
inquietação de Ivan Huol, com a percussão de Gabi Guedes, com a guitarra do
sobrinho dele, Felipe Guedes, com os teclados inspirados de Aline Falcão e Marcus Sampaio nos contrabaixos.
Linda, também como sempre, vestida pelo grande
estilista Renato Carneiro, da grife Katuka. Combinando a poesia da canção com a
vontade política de realização estética no solo da gente. Saindo para o front
de batalha guarnecida pelo talento transdimensional do artista inteiro Gil
Vicente Tavares.
Seu show me lembrou da prece do jornalista Luciano
Matos nos convidando a olhar para Salvador, para as coisas lindas desta cidade de
Caymmi, marítima, do povo negro que enfeitiça, dos orixás que protegem. Sim, para
mim, olho aí seguindo os conselhos de Luciano no Correio: devemos gostar de Salvador
para querer melhorá-la; todos nós que a pioramos. Meu sentido de gostar daqui
começa e termina no seu mar, passando pela nossa inventividade no trabalho
inigualável de Maria Bethânia e repousando nos amálgamas culturais que imprimem
a supremacia africana na gente.
Aqui, também, quando Gal cantando. Mas eu quero ouvir
você. Sonhar com você, ver você cantando no Gamboa, no Teatro Castro Alves,
inspirada na luz de Rosa Passos.
Seu disco é lindo. Seu show é mágico e eu acredito.
Como orou o seu poeta: “Que o TEMPO me ajude/ E o vento me leve/ Para junto de
quem me ama”. Eu amo você, e, por favor, venha para perto de mim.
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