(Foto Marisa Alvarez)
É exatamente esse instante dela que me fascina: o ar de menina confundindo-se com a natureza, revelando a rara beleza da mulher . Centelhas de doçura e força conduzindo a voz que se levanta das manhãs primaveris, do outono sem medo, do inverno aquecido, do verão em segredo e fogo. Um quase sorriso para ampliar o mistério que ela traz quando canta. Mas a imagem, em silêncio, instaura enigmas também.
Se degusta com os olhos e a audição; se investiga através do impacto da emoção; se recria em talhas da qualidade desse ser religado aos elementos mais naturais: cabaça d'água, cabeça de fogo. Encosto o ouvido no chão e ouço este canto interplanetário se expressando para o além daqui. Navego o mar de mim para me ter dentro do olhar dela. Escrevo o desenho das mãos que são borboletas e o brilho dos olhos que é águia leoa búfalo sereia inspiração.
Todo perigo mora ali como as águas doces de Oxum. Ela transpirando a sedução que muda a rota dos conceitos, que autentica um país em nome dos amálgamas da sua presença negro-morena na verve miscigenação. Esse ar de menina é dança e alcança a leveza que ela não tem. Descortina-se para ser alteza nos palcos, sendo rainha de verdade.
Desse jeito forte doce ela rasga. Corta até o som. Repete-se por competência e permanece altiva colhendo rosas vermelhas brancas amarelas acima dos estabelecidos. Outra espécie de revolução. Corta. Rasga. Ensina. Uma foto quase sorriso o dorso despido o canto imensidão. Signos do artista. A beleza sumidouro de regras. A beleza resultante da qualidade. Viva.
Entrada para a perdição; saída da fruição saboreada. Gozo dos sentidos entre o permitido e o proibido, o sagrado e o profano. Emissão no ar do canto poesia. Literatura da voz dando norte aos seus espectadores... Estesias da música.
Começo: Imagem: Maria.
Um comentário:
Também gosto muito desta imagem dela "natural"/simbólica na natureza.
Beijão pra ti, meu caro!!!!!!!!!
Aláfya!
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