sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Pela delicadeza que há



De alguma delicadeza  preciso, mesmo aparando arestas, expurgando sentimentos, sofrendo fome e sede, calando verdades, mentindo... Alguma delicadeza somada à libido, ao desejo desconcertante, à volúpia desimpedida e, ainda em alta temperatura, ao silêncio.

A delicadeza refrescando feridas, guiando no escuro, convidando esperança, inspirando... A delicadeza maior que os sentidos movendo para o encontro. Esse alinhamento da transgressão e da beleza é a delicadeza em projeção.

Preciso tocar-me com palavras e com as mãos para acessar o abraço mais sonhado.  Ver nascer e morrer o sol; ter chuva no amanhecer. Rastrear marcas do amor pulsando em livros, discos, filmes, camisetas, esportes, consultórios, facebook...

Rastrear sem por que, só coragem... Sem ter o que saber: rastrear para ver as superfícies da imagem amada diluída em tudo que é, mas que não é seu, não está em você.

E assim, até na mais doída das faltas: eu careço desta delicadeza vertendo poesia.

Nenhum comentário: