domingo, 27 de janeiro de 2013

Poesia


A substância da vida

Não que seja o querer dizer, consolidar palavras. Não que tenha a meta das redondilhas da forma. Ou que queira marcar-se na língua culta de uma pátria. Ou que busque o poder do bendizer, do maldizer, da chatice das regras gramaticais, ou do sentido que só têm os que vivem de corrigir os outros.

Sim. Para o que é. O encantamento como suporte contra o peso cotidiano. O deslumbramento pelo simples de todo dia na vida, visto com alegria e surpresa e brisa e fantasia. É a respiração da imaginação que faz nascer a poesia. Na fala ou na escrita. A imaginação respira e nasce a substância da vida. O puro movimento. Mais o silêncio que equilibra e nos obriga a gritar poemas no jeito de amar palavras como se amando pessoas. Ao contrário também.

A poesia é o Sim que não se cala na integração absoluta do humano à natureza. É o Sim que de tanto sim sabe bem dizer não. Ventila. Inventa novas vidas para uma vida qualquer. Ama com a gente, desfaz-se com a gente, até odeia conosco. Mas sempre salva até depois do suicídio.

Não pagaria as minhas contas, mas eu nada seria sem a força artística das palavras, de mim menos saberia sem o circular da poesia que me norteia. Esta energia que me faz gostar de gostar e de ter às minhas mãos sonhos a cultivar.

 

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