A substância da vida
Não que seja o querer
dizer, consolidar palavras. Não que tenha a meta das redondilhas da forma. Ou
que queira marcar-se na língua culta de uma pátria. Ou que busque o poder do
bendizer, do maldizer, da chatice das regras gramaticais, ou do sentido que só
têm os que vivem de corrigir os outros.
Sim. Para o que é. O
encantamento como suporte contra o peso cotidiano. O deslumbramento pelo
simples de todo dia na vida, visto com alegria e surpresa e brisa e fantasia. É
a respiração da imaginação que faz nascer a poesia. Na fala ou na escrita. A
imaginação respira e nasce a substância da vida. O puro movimento. Mais o
silêncio que equilibra e nos obriga a gritar poemas no jeito de amar palavras
como se amando pessoas. Ao contrário também.
A poesia é o Sim que
não se cala na integração absoluta do humano à natureza. É o Sim que de tanto
sim sabe bem dizer não. Ventila. Inventa novas vidas para uma vida qualquer.
Ama com a gente, desfaz-se com a gente, até odeia conosco. Mas sempre salva até
depois do suicídio.
Não pagaria as minhas
contas, mas eu nada seria sem a força artística das palavras, de mim menos
saberia sem o circular da poesia que me norteia. Esta energia que me faz gostar
de gostar e de ter às minhas mãos sonhos a cultivar.
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