" Teatro não pode ser apenas um evento - é forma de vida! Atores somos todos nós, e cidadão não é aquele que vive em sociedade: é aquele que a transforma"
É sempre um mistério renovado estar diante de um grande legado artístico. Ainda mais no formato da arte que se obriga a libertar o humano de todas as esferas aprisionantes que, às vezes, nos fazem abandonar a vida em seu pleno exercício. A arte como elemento transgressor, ato político e criador; a arte como novos rumos, outras possibilidades de caminho.
O humano brasileiro e o seu teatro deve muito à história do dramaturgo, educador e pensador social Augusto Boal. O século XX foi marcado pela presença deste homem que usou dos palcos para exercitar na gente a experiência do vôo, a emissão do grito, a organização para a luta, a vontade contra as amarras e a capacidade de se representar como personagem de si mesmo; como ator de um espetáculo construído a favor do destino, individual e coletivo, entre povos que se espalham pelo mundo.
Boal foi tradutor da grande arte a serviço do povo e da liberdade. Uma genialidade que se equivale ao engajamento de um Bertold Brecht, ou ao lirismo de William Shakespeare; compondo narrativas que marcam o teatro brasileiro lutando contra as muitas formas de opressão. Assim, criou o universal Teatro do Oprimido, um método artístico político educativo que estimula a verve de ator que todos nós, seres humanos, carregamos e praticamos no dia a dia.
Para entendermos um pouco da saga do saudoso teatrólogo, com poesia e sedução, mesmo dentro de uma linguagem tradicional de documentário, é necessário assistir o exitoso Augusto Boal e o Teatro do Oprimido, do cearense Zelito Miranda, lançado em Salvador, no VII seminário Internacional de Cinema e Audiovisual – Cine Futuro, ocorrido em finais do mês de julho.
Augusto Boal foi também um ativista cultural brasileiro que lutou contra a dtadura militar, sendo preso e exilado, espalhou o Teatro do Oprimido por vários outros países, sendo talvez, na linguagem da dramaturgia, o autor diretor encenador mais internacional que tivemos, e, entre nós, é um desconhecido.
O nome que dignifica a trajetória do povo brasileiro e que fez do teatro um instrumento de luta contra a pobreza e derivados.
Marlon Marcos
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