domingo, 18 de setembro de 2011

Cadafalso


Eu ando sem saber o que escrever, sem ter o que dizer e pior, sem ter o que perguntar. Perdido em imagens antigas que me leveram à frente. Nem sei se me falta coragem; a sensação real é que perdi muito tempo com tudo que me foi mais verdadeiro mas não aconteceu. Estou para dentro dos meus erros e se houve acertos não saberia descrevê-los aqui. Tenho feito silêncio e me inspirado em saudade. Muito repetido que escrevinho para me aliviar. Sonho com uma cidade como Londres, com luzes sobre o terrível cinza, a melancolia em seu frescor, atividades artísticas me ocupando, pensamentos econômicos, uma certa liberdade e a futilidade de assistir o estar de uma monarquia. Ninguém pertence a realezas; somos os dos calabouços lamacentos, alguns fitando estrelas, e todos à espera da condenação. Queria uma palvra de ordem mas minha febre física, hoje, vence a minha febre d'alma... Até cantigas esqueci. Até as divas silenciei. Hoje é um dia qualquer e eu em cima da cama - recuperação com um livro na mão; meu corpo me pedindo atenção e a voz do anjo nunca esquecida. Tenho a imagem de um quase beijo na área ampla da antiga casa. Depois deles: nunca mais soube o que é abrigo.

Não escrevo soube nada. Aqui é febre e silêncio. Suor  gerando imagens. Sentir sem verdade. Os olhos debaixo do travesseiro. Toque para o dia que vai passando em sua poesia de ter sol sobre o mar. Não sei o que será de mim? Nunca soube. Alcanço a palavra mais amada: cadafalso para ir no sentido da mais desejada: possibilidade. Eu armo armadilhas para mim. Em tudo que fiz, fiz na presença do perigo.

Sei da condenação do amor demais. Ainda mais quando eterno. Ainda mais quando o corpo não para de desejar. Ainda mais quando a memória não respeita a distância espacial. Ainda mais quando o caminho fica bem deserto e a única saída é imaginar o rosto gosto cheiro do que foi mais amado.

Podem cumprir a sentença.

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