"Pouco antes do Ocidente se assombrar"
Eu falo de um tempo em que o amor
era inocência, era ausência, presença, e a maior volúpia, além de apertar a
mão, era ficar abraçado deitado no chão.
De um tempo de dor dourando poesia,
risos em tardinhas do desencontrado desejo sob o sol da Cidade da Bahia,
imagens marítimas, alma aflitiva, alegria por encontrar o olhar. A mão a
espalhar livros pela casa.
Conversas sobre cinema. Sonhos do
que não se sabia. Música para intensivos aprendizados, uma aberração tornada
simetria pelo amor que ali dançava.
Tudo era dia 21 e uma Nova Cultura
nascia... Outra ontologia para expressar a vida que se redesenhava: quase corpo
num todo platônico. Até o vinho era órbita e obra de ficção. Não tinha razão,
essa ideia foi reinventada pela emoção de querer encontrar.
O carinho na permissão. Quase quase
quase. Tudo tão pouco e inconcluso vazando para a eternidade. A pintura de
Monet, Lorca na fala e no coração.
Foram as ruas de Lisboa emolduradas pelas águas do mar da Bahia e pelas águas de nossas lágrimas no agridoce espelho dos olhos entreolhando-se.
Foi mas ainda será: enquanto as
letras criativas em nossos dias instalarem literaturas e poesia, será! Se
ainda, apesar desse inverno, o céu o mar a memória continuarem no azul que nos
descreveu. Azul desta história eternidade.
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