quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A descoberta do mundo

Eu teria que, em setembro, postar aqui algo que deflagrasse a minha esperança, aludisse o meu aprendizado, consolidasse a minha admiração, demonstrasse o quanto a literatura miniminiza a nossa solidão, solidifica a tenacidade das nossas buscas, redunda prazer, rima dor e alegria, traz poesia, leveza, aspereza, susto e doce contemplação. Eu tinha que revelar um livro setembrino. Algo que renasce sempre em mim, impelindo-me a tantas (re) descobertas num mundo que me cabe cada vez menos e eu ainda amando gente, mar, flores, bichos, cidades, diferenças e poesia diluída em toda forma de arte.
A descoberta do mundo, de Clarice Lispector, traduz a idéia do chamado livro de cabeceira. É, de verdade inteira, a minha Bíblia, escrita por um profeta mulher, em seus desenhos de vida interior riquíssima, domínio da palavra criativa, fazedora de imagens para nos ensinar um tipo de vida que deveríamos ter: nem ela teve mas desejou em seus escritos.
Um livro alongado em primaveras, inspirado em doídos suspiros de viver e de morrer como lição de existência e máximas de inteligência para assistir o tempo passando.
Este livro setembrino. Saído das entranhas desta mulher. Os nossos olhos descobrindo um mundo que nós seguramos com as mãos. Uma prova cabal de que a leitura nos garante outras muitas vidas.
Descubram-nas e vivam.

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