quarta-feira, 13 de julho de 2011

Pedra turca

"Uma pergunta de quando eu era pequena e só agora me respondo: as pedras são feitas ou nascem? Resposta: as pedras estão".
Clarice Lispector 

Eu no meu canteiro de pedra. Eu a pedra. Sem localização. A falta de história. A mentira como solução. Nascido do grito que me silenciou. O que rola com as águas. É rocha mas finito. A pedra azul. O que sustenta sem sustança. O inteiro que dói. A promessa. Estático ao vento. Modificado com o tempo e puro por dentro feito coisa intacta. Eu, silêncio. Solidão vegetativa. Pássaro em extinção. Peixe pescado, caminho pisado. Aconchego dos amores em risco e segredo. Pedra. Ali. Sem visibilidade, sem toque. Cena do abandono. Pedra. O estar sem explicação. À revelia do estudo. Mudo. E mistério descrito em treze anos do quase. Pedra alinhamento. Sepultura poética. Per amore. Inscrição. Sociedade perdida. Selvageria civilizada. Arte. Indecisão. Pedra turca. Ilha do medo. Vaga sem salvação. Ansiedade sem morte. Eternidade como condenação.



Lápide triunfal que memoriza o ídolo maior diluído em palavras.
Lápide doída que guarda vivo o amor distante.
Lápide em versos de uma canção esquecida.
Lápide composição de lendas.

"um corpo azul- dourado"

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