segunda-feira, 4 de julho de 2011

Dentro da noite


Dentro da noite a vida canta
E esgarça névoas ao luar...
Fosco minguante o vale encanta.
Morreu pecando alguma santa...
       A água não para de chorar.

Há um amavio esparso no ar...
Donde virá ternura tanta?...
Paira um sossego singular
       Dentro da noite...

Sinto no meu violão vibrar
A alma penada de uma infanta
Que definhou do mal de amar...
Ouve... Dir-se-ia uma garganta
Súplice, triste, a soluçar
         Dentro da noite...
Manuel Bandeira

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