"... na escadaria deserta de mim"
Clarice Lispector
E só porque eu não sabia. E não podia evitar meu próprio riso. Apesar dos caminhos desertos. Em frente, paciente, a delicadeza na forma da flor... Eu diria dos lugares em que procurei, dos sonhos que abortei, das canções que inventei, do livro que escrevi. Nada com agonia, só doçura e imaginação. Eu era outro. E me vestia no amerelo inerente ao sonho externo de mim. Havia pássaros entre estrelas e palavras escritas no papel. Era uma viagem na absorção do muito que me traduzia: sim. Não existia lugar e só, a poesia de um corpo tatuado na retina do meu olhar.
O que eu não deixaria de enxergar se até cego ficasse. Naquela imagem a moldura do meu sorriso de paz e amor. Eu perdido por tanto achar. Eu desenhado de sentido, valendo a vida, amando sobre as nuvens azuis do meu coração... Eu. Rarefeito no receio de desencontrar. Palavra promovida à luz de uma convocação. O descuido - mas amor também é isso.
Eu não sabia.
Lhe diria poética e tecnicamente sobre o amarelo da flor.
E dançaria para a lua, louvaria o sol se pondo, mediria o mar que me habita e o que me gravita impelindo a navegar.
O banho nas suas águas quase lágrima antes do meu sono. Sua chegada mágica nesse marulho de canto feminino que lhe faz incentivo maior do meu sorriso... E para além de qualquer duração: minha vontade de lhe amar amar amar amar, desde que seus olhos, um dia, me disseram sim.
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