segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Talhado na pedra

Estava lá, nome signo insígnia face, de fazer doer. O de dentro que constrói as melhores narrativas; o que nos faz sentir maior que entender. O que nos arrasta até à beira da praia, próximo a pedra, senta chora pede clama, e se consola com os contornos que o mar dá,  no alívio que a brisa deixa.

Estava lá e, apesar de talhe, era dança. Marulho nos olhos cheios de amor. Camisa navegando conduzindo a flor da esperança para o infinito. O azul perfumando o instante e alimentando a memória. Uma tarde eterna na clareira solitária de uma busca perfilada de morte. Era ali o inscrito na rocha. Às mãos das águas do mar. O pedido. A oferta do silêncio e das lágrimas como presente sublime à Senhora dos oceanos.

Estava lá e não estaria até no descrito na pedra, se não fosse a força viva do coração pedinte. O mundo no seu deserto cheio de gente e nenhuma gargalhada conhecida. Era dança feito criança com uma longa vida pela frente se estivesse lá. E estava. Talhado na pedra. Para séculos e milênios. Para conformar começos meios e fins... Era dança voando na mente. Asas de poder e doçura. Sobrenome da delicadeza Luz sobre o querer.

Uma boca nua e linda. Os olhos acastanhando azuis e cinzas. Leveza mágica. Emissão de muitos líquidos. Veludo em suores. Tenacidade. O barco embriagado do prazer. O contrário da velocidade. E o discurso da distância.

Estava lá entalhe  na pele fina do coração. Tal como pedra e rocha. Durando verde virgem inocente como mãe a zelar pelo sono do filho.

Abrupta correnteza amorosa que se escondeu na superfície da rocha para durar a eternidade.