sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Félafétan

Estava no abrigo de si e nada diria de dentro da sua eternidade. Olhava das alturas, com o doce sorriso de sempre, e se divertia sem outras coragens; um pouco de lamento guiava seu barco nas águas de um mar mais salgado.

Havia ali ebulições de cenas novas e já vistas, marcas repetidas, dores estacionadas, um pouco de morte e, a vida em desenlaces sem curas para o amor maior.

Havia ali: o nascer do sol. A dança da tranqüilidade ansiada e a segurança perseguida. Mas ali, às escondidas, tinha o marulho amalgâmico e secreto que transformava a beleza no canto da sereia, também.

Tinha os ouvidos em silêncio em canções esculpidas na audição; o coração em emes, o medo da solidão. Ali tudo era infância rosa e azul, branco e destino, vermelho sem ação e o violão tocando-se, em duas notas, músicas da Legião.

Perfumes no ar, respingos do banho na memória como chuveiro quebrado. Nada prosseguiria sem as réstias, fendas, vestígios de uma história sem lugar sem nome sem pronúncia.

Havia o amor inventado que implodiu culturas. Passeio da sensação recôndita que obriga escrever delicadezas para depois dizer não.

Era o não na parede do teatro e a última encenação servia de cavalgadas em áreas urbanas de uma cidade fora dos mapas. Cidade inumana, enraizada no couro da cabeça, no ori, de um amar profundo que o tempo, no giro da precocidade, abortou.

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