sábado, 12 de novembro de 2011

Hilda Hilst: Presságio (Poema XXI)


Estou viva.
Mas a morte é música.
A vida, dissonância.
Minha alegria é como
fim de outono porque
tive nas mãos ainda flores
mas flores estriadas de sangue.

Há cristais coloridos
nos teus olhos.
Vida nos teus dedos.

Estou morta.
Mas a morte é amor.

Não fiz o crime dos filhos
mas sonhei bonecos quebrados
sonhei bonecos chorando.

P.S. - hoje cheio de alegria e  nesse deslumbramento, às vezes sem ternura, que a grande POESIA de Hilst dá. Veloz em mim mesmo com a cabeça rodando de ressaca. Pouco tempo muita espera. Mas hoje é sábado.

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