quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Mãe Zulmira e o candomblé congo-angola


Numa tarde quente de Primavera baiana, das 16 às 19:00, no dia 27 de outubro de 2011, na Biblioteca Pública do Estado, em comemoração aos 70 anos de iniciação da mameto kwa Nkisi Zulmira de Nanã, ocorreram palestras sobre o candomblé congo-angola na Bahia e no Brasil. As especificidades desta nação tão importante no cenário religioso brasileiro e, por vezes, tão invisibilizadas, incompreendidas, foram analisadas e historiadas para um público de 200 pessoas.
Foram palestrantes autoridades religiosas como Raimundo Nonato, o Tata Conmannanjy , Jaime Sodré ( Tata Monaizilê), Tiganá Santana (Tata Mukungoyala), todos xicarangomas (equivalentes aos ogans do ketu) que ilustraram a trajetória ancestral banto na Bahia, contando histórias, relatando casos, definindo especificidades, combatendo distorções. O evento contou também com a jornalista Cleidiana Ramos que noticiou sua aproximação com o congo-angola atuando como repórter e, depois de iniciada como filha de santo da nação ketu, continuou a nutrir admiração por esta nação que tem o nkisi Tempo como rei.
O ponto central das discussões foi reforçar a irmandade entre congo-angola, ketu, jeje e ijexá, mas também, fomentar reflexões sobre o preconceito sofrido pelo candomblé angola, negligenciado por intelectuais, artistas e, às vezes, o mais triste, subestimado por membros da nação de ketu – o candomblé de maior prestígio em grande parte do Brasil.
Mas o encontro não foi para choramingar. Foi para celebrar e mostrar a grandeza e força de uma nação religiosa advinda de uma cultura negra fundamental no processo civilizatório brasileiro: a banto. Foi para perfilar a trajetória religiosa de uma mulher de 77 anos de idade, 70 anos de iniciação no candomblé, com 60 anos de sacerdócio à frente do Tumbenci, hoje situado em Lauro de Freitas, a veneranda Mãe Zulmira.
Mãe Zulmira é um baluarte vivo desta nação que precisa contar sua história. O evento louvou nossos nkissis à voz serena de Carlos Barros e do doce violão de Zé Livera. Tudo como Tempo quis.

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