sexta-feira, 18 de maio de 2012

A fonte das mulheres


Sob a direção do romeno Radu Mihaileanu, as mulheres do mundo islâmico, situado ao norte da África, são tratadas numa bela narrativa com enfoques sócio-antropológicos acerca de gênero. Disseram que o filme é politicamente correto, num discurso feminista mostrando "evoluções" comportamentais entre os árabes daquela região.

Para além de elaborações acadêmicas e da crítica lugar comum, o filme entorna poesia numa possibilidade de costurar as relações entre homem e mulher de modo mais equânime. Exitoso no construir a ideia de mudanças geradas pela organização feminina. Atuação impecável de algumas mulheres e o lirismo do encontro, quando há encontro, entre pessoas que se amam.

Formulações da água como metáfora da vida advinda do feminino. O pensamento atiçando o desejo de liberdade, que se aguça pelo conhecimento adquirido através do exercício da leitura, do estudo, da procura e do confronto do eu com a opressão.

"A fonte das mulheres não é água. A fonte das mulheres é o amor. A fonte das mulheres é o amor". Estas máximas traduzem o percurso do filme apontando o amor como o sentido maior para a vida humana, tendo a mulher como ativista fundamental para a consolidação deste cenário.

Precioso sim. Aquece a gente de esperança e movimenta-nos a querer se lançar a favor dos sonhos e contra as dominações. E favorece o nosso abandono em nome do amor. Perfuma os olhos com o amor filtrado pela noção do feminino no mundo. Tem a mágica da idealização e permite ao espectador a delícia de ter, ali, na tela, um final feliz.

Nesses dias de muita intelecção: o filme é imprescindível.

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