sexta-feira, 18 de maio de 2012

Gilberto Gil: imensurabilidade baiana



Hoje, às 21 horas, no centro do mais sagrado veículo artístico baiano, o palco do Teatro Castro Alves, pousa Concerto de Cordas e Máquina de Ritmos, show comemorativo do amadíssimo Gilberto Gil pelos seus 70 anos de existência, com a participação da Orquestra Sinfônica da Bahia.

Gilberto Gil fará em 26 de junho próximo, 70 anos, sendo que quase 50 dedicados à Música Popular Brasileira. Um dos mais importantes músicos vivos do mundo, responsável pela irradiação planetária de vários elementos da cultura baiana, da inventividade negra, dos compassos de velhas tradições em diálogo aberto e criativo com o mais novo, em matéria de som e tecnologia, que apareceu entre os humanos nas últimas quatro décadas.

E poeta. O canceriano pai de muitos filhos, avô de alguns netos, senhor de temperos que deram raro sabor e revolucionaram a canção neste país. O agnóstico inserido no universo estético e religioso do candomblé, dividido entre Xangô e Logum Edé, entremeio das iyás Stella de Oxóssi e Mãe Menininha, seguindo os caminhos deste seu povo da Bahia, que ele também ajudou a educar.

Gil é um aceno para a sabedoria. O super homem que adoçou nossos sonhos cantando o amor pela mulher, sem deixar de defender o amor entre os iguais; cantou budas e orixás, santos e desumanos, num acordo reflexivo entre ciência e empirismo para a vida melhorar. Fez- se encanto em sua mágica presença no palco, a voz oriente de tanta fruição e aprendizado que pincelou, naquela musicalidade, uma nação mais feliz.

Rebelou-se e transgrediu. Altivo e convincente, ele transpôs a burrice violenta em vários períodos no Brasil. Renovador de si mesmo, condutor de belezas e alegrias que deram sentido à vida de muitos brasileiros. A linha e o linho desenhando uma das mais delicadas declarações de amor em nosso cancioneiro. O escultor do mistério que sempre pinta por aqui refrescando nossa alma.

Patrimônio precioso nosso refletindo-se em Caetano Bethânia Gal, animando a memória em Caymmi e Luiz Gonzaga, em paz com Bob Marley, eterno com a régua e o compasso que a Bahia lhe deu.

Marlon Marcos é jornalista e antropólogo  email: ogunte21@yahoo.com.br

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