(Uma cena da película argentina: Plata Quemada)
Existirá até o derradeiro instante formulando-se entre as partículas da incompreensão alheia e a nossa. Evitará exibições mesmo estando aqui. Será uma carta escrita à mão, uma caixa com tesouros da adolescência, fotos sobre livros, discos inaudíveis, tantos temas fílmicos, versos de Lorca, porta entreaberta, papel picotado, saudade discreta. Aquilo que não se pode falar. Mas será. O silêncio conduzido pela inconsciente espera de um amor que também foi físico e hoje, se abrasa em sua forma etérea. Fará chover na imaginação, e, ali, o sol também chegará refletindo-se no mar que nos alude; flores de todos os lugares, camisas e perfumes, doçura dos alimentos e dos olhares, a boca calando pedidos e fantasias, a mão escrevendo a poesia que nos fez encontrar. Estará para sempre o estrondo da nossa delicadeza, e sem certezas, cidades serão marcadas com a beleza que confluiu dos sonhos que guardei para viver ali: pousando a língua no corpo seu e protegendo acarinhando inspirando a sua alma, confusamente misturada à minha.
"Duvida da luz dos astros,
De que o sol tenha calor,
Duvida até da verdade,
Mas confia em meu amor."
De que o sol tenha calor,
Duvida até da verdade,
Mas confia em meu amor."
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