segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Setembro


Eis-me dentro de setembro. Vestindo-me da esperança que inscrevo em minha vida. Meus olhos caminham pelas ruas de Salvador cheios de sentido. Sinto-me um fazedor de significados, recheado pelas palavras dos literatos que alimentam a minha alma e colorem de imagens poéticas o meu destino. Nada me é menor. Cada detalhe compõe o desenho da minha solidão que cheira o pólen das flores, voa pelos ares, banha-se de mar, canta os amigos, bebe um pouco de cerveja, vai ao cinema, ouve Adriana Calcanhotto em Maré, espera de leve uma outra viagem, uma outra cidade, um outro amanhecer...
É setembro - os atabaques da Casa Branca louvando meu Pai Oxalá. As yabás dançando dengue e perigo: símbolos da face da mulher.É o mês do colorido, da poesia no pé do ouvido, dos discos singrando o coração, da permissão sagrada, da Sorte rodando e acertando, do Amor vingando, do novo espreitando, da fábula, da brincadeira, do caruru, das crianças, da saudade, da magia discreta, do sonho...
Mês que dedico a Iemanjá. Recebo das ondas brancas que vejo da janela da minha casa, as graças desta Orixá - e Ela me chega como fruto raro para minha fome de beleza e prosperidade. É setembro. Repito: dançam as yabás. Louvam-se Oxalá. Tudo é azul e Branco. Rosa, amarelo e vermelho. Tudo feito cor da esperança. Verde de Ogum e Iemanjá. Um mês para se gozar paz. Para se aprontar para outras guerras. Para se lembrar. Para escrever sobre a luz que traz a inspiração. Alguém.
Mês do encantamento das coisas que eu nunca vou esquecer.

Um comentário:

Sueli Borges disse...

Meu querido amigo, a poesia do mês de setembro transborda em voce. E é de branco e azul.ue voce continue sendo generoso, corajoso e, mais ainda, poeta nestes dias que começam hoje!
Um beijão
sueli