sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Da minha aldeia

Talvez Salvador seja o meu maior sentido de cidade. Mas não só a vejo e sei até onde ela me interessa: uma coisa, agora, de finalização. Esta cidade tem o meu jeito de final e eu a recebo com os olhos em galope pelo horizonte afora. Eu a percebo paisagem e me misturo à minha própria agonia... Não sou do tamanho dela nem do tamanho da minha altura - e ela é a aldeia que me deu a garantia de melhor olhar o mundo. Uma cidade sem sorriso pra mim. Um lugar do meu pertencimento tão hostil em mim. Um vilarejo que me faz escapar da esperança - minha conduta de vida - e que me põe a sonhar com outros cantos aonde o sentido de estrangeiro tivesse sentido. Eu canto para Salvador com a voz e o inteiro de Jussara. Só neles, voz e inteiro de uma cantora mineira que mora no Rio de Janeiro, espelho da beleza crescente e das coisas que fazem sonhar, eu tão a exatidão do que isso aqui me foi como alumbramento e hoje é vontade de deixar.
Mas aqui me é assim:
Da minha aldeia vejo quando da terra se pode ver no Universo....
Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista a chave,
Escondem o horizonte, empurram nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver.
Alberto Caeiro
P.S.: Salvador me é o seu Mar.

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