segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Penumbras

Penumbras - Oléo sobre tela - Karina Gallo
Foi cedo para um ritual noturno. Daqueles feitos na calada da noite escondendo-se até para o mistério. Cedo demais para um coração em formação quando outro abrupto voraz e sedento já cantava despedidas. Foi o que era inteiro sob a marca da separação: despedaços num canto de quarto escuro sem tempo à penumbra de um tempo onde ainda só há vida nos esconderijos. Retoques da desmedida ilusão. Composição absurda baseada em carinho. Foi carinho na giratória da emoção querendo, fazendo, ofertando, cheirando, pedindo, ensinando, sendo, deixando, fitando, chorando, sorrindo, insistindo e no além-tempo: amando. Amor literatura. Entre as penumbras da confusa libido. Formas insanas do que não pode ser descrito. Resistência da criativa imaginação. Pintura noir novecentista para um futuro sem apreço e sem presente.
Ritual soturno e semente. Desafio incontido da emoção a qualquer postulado científico, a qualquer deixa da pútrida razão contemporânea. Para o alcance das bruxas - mesmo que sem realização. Ritual na madrugada dentro do cerne do perigo mas irremediavelmente nobre e prazeroso.

Nenhum comentário: