quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Tiganá Santana: o vir e o ir da gente


Devemos lembrar que somos espíritos numa passagem de correnteza aqui neste planeta que é mais água do que terra. Água de oceanos, de útero, de lágrimas. Mas as lágrimas, estas secam.

Agora, a espiritualidade, em todas as suas direções e manifestações diz: aquietem-se, esvaziem-se e prossigam, pois mais um feixe luminoso retorna ao mundo de onde veio. Este feixe luminoso foi rapidamente pessoa, mas dispunha da sua própria trajetória. Mãe, pai, filhos, irmãos, amigos, cônjuge, parentes deste feixe luminoso exercem um papel nesta rápida passagem pelo mundo físico, mas ninguém pode reter o seu caminho; ninguém pode viver o seu caminho; ninguém pode ser o outro.

Agora é pensar que mais uma força de luz cumpriu a sua rota completa e que todos somos forças luminosas em rotas paralelas. Quando o tempo - este senhor dos destinos e ventos que mudam as montanhas de lugar - determinar que se chegou ao instante do não-tempo, do não-julgamento, do não-conflito, do não-corpo, eis que nos transformamos em tudo aquilo que não pesa.

Agora, não há hierarquia, não há vaidade, não é necessário correr...

Quem fica deste lado do rio não deve oferecer dor para quem vai chegar à outra margem... a dor pesa e o navegante poderá naufragar. Mas a beleza de uma flor, que é como uma boa lembrança de quem é este navegante, não pesa... faz sonhar, traz cores, traz alegria e desejo de boa sorte nesta travessia, que possui os seus desafios, mas é como água acariciando o corpo nu.

Não sejamos egoístas a dizer: “não era a hora de ir”, “não poderia ter sido assim”, “não isto, não aquilo”. Agora é o simples e fraterno desejo de boa viagem e bons frutos desta árvore plantada no solo.

Sejamos simples para que não haja o sofrimento dos apegos. O amor permanece nas duas margens do rio... o amor é simples e não quer impedir que o amado siga e siga. Porque morrer, assim como viver,  é seguir e seguir...   
Tiganá Santana   

Nenhum comentário: