Devemos lembrar que
somos espíritos numa passagem de correnteza aqui neste planeta que é mais água
do que terra. Água de oceanos, de útero, de lágrimas. Mas as lágrimas, estas
secam.
Agora, a
espiritualidade, em todas as suas direções e manifestações diz: aquietem-se,
esvaziem-se e prossigam, pois mais um feixe luminoso retorna ao mundo de onde
veio. Este feixe luminoso foi rapidamente pessoa, mas dispunha da sua própria
trajetória. Mãe, pai, filhos, irmãos, amigos, cônjuge, parentes deste feixe luminoso
exercem um papel nesta rápida passagem pelo mundo físico, mas ninguém pode
reter o seu caminho; ninguém pode viver o seu caminho; ninguém pode ser o
outro.
Agora é pensar que mais
uma força de luz cumpriu a sua rota completa e que todos somos forças luminosas
em rotas paralelas. Quando o tempo - este senhor dos destinos e ventos que
mudam as montanhas de lugar - determinar que se chegou ao instante do
não-tempo, do não-julgamento, do não-conflito, do não-corpo, eis que nos
transformamos em tudo aquilo que não pesa.
Agora, não há
hierarquia, não há vaidade, não é necessário correr...
Quem fica deste lado do
rio não deve oferecer dor para quem vai chegar à outra margem... a dor pesa e o
navegante poderá naufragar. Mas a beleza de uma flor, que é como uma boa
lembrança de quem é este navegante, não pesa... faz sonhar, traz cores, traz
alegria e desejo de boa sorte nesta travessia, que possui os seus desafios, mas
é como água acariciando o corpo nu.
Não sejamos egoístas a
dizer: “não era a hora de ir”, “não poderia ter sido assim”, “não isto, não
aquilo”. Agora é o simples e fraterno desejo de boa viagem e bons frutos desta
árvore plantada no solo.
Sejamos simples para
que não haja o sofrimento dos apegos. O amor permanece nas duas margens do
rio... o amor é simples e não quer impedir que o amado siga e siga. Porque
morrer, assim como viver, é seguir e
seguir...
Tiganá Santana
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