domingo, 11 de outubro de 2009

"A casa da saudade é o vazio"

Maria
Lenine

Lenine e Maria

Eu sei que o maior da minha vida é feito de esperas e está no futuro. Quando há desenho do presente em mim é a arte que me traz. A arte artesania dos nossos poetas e cantores, atores e atrizes, pintores, trapezistas, desenhistas, músicos, dançarinos nesta tessitura chamada Brasil.
O melhor na minha vida é projeto e quando se realiza, quase sempre é canção filme livro poema.
Estou diante disso: recorte lítero-musical de Maria Bethânia me mergulhando em minha sonora memória marítima e eu sendo. Tua - o novo CD de mais uma saga amorosa dela - e eu sendo minha própria inspiração para alcançar as cenas de dor e alegria nos traços daquela voz, marca da qualidade e movimento da criação.
O CD que traz Calcanhotto, Roberto Mendes, Dori Caymmi, Roque Ferreira; que traz Chico César, esse mago, e Moska, o bruxo, em Saudade, momento de junção entre Bethânia e Lenine, o mais doído e bonito do disco.
Saudade é um torpedo clariceano e desliza na gente, comove a gente como deveria ser na justeza daquelas vozes: Maria Lenine e o amor em mim, que nem começou, e eles me trazem acabando.
Este Tua ainda é mar e me afoga, adormece, faz sonhar. Sonho, repetindo-me na casa do silêncio e do vazio, olhos banhados em lágrimas gozando a noção de pertencer ali a este país; sonho, em minha configuração amorosa favorita; sonho, sem medida, em cada centímetro da esperança que não me abandona e vivo. Um dia de domingo chuvoso no âmago do que não sei definir e ouço:
"Quem foge da saudade
Preso por um fio
Se afoga em outras águas
Mas do mesmo rio"
Chico César/Moska



Um comentário:

Carmem Silvia disse...

Concordo! "Saudade" nos brinda com um quarteto de peso: a deusa Bethânia, o mago Chico César e ainda Lenine e Moska. é tudo de bom!